quarta-feira, 5 de agosto de 2020

NOTA DA APROFFESP





ASSOCIAÇÃO DE PROFESSORES/AS DE FILOSOFIA E FILÓSOFOS/AS DO ESTADO DE SÃO PAULO





Nota contra as reformas  neotecnicistas do governo João Dória:
                      o ataque à Filosofia e ao Currículo formativo 

Uma escola em tempo integral não é o mesmo que uma escola de formação integral!


            O governo João Dória, como já era esperado, apresentou de forma autoritária várias reformas para a rede estadual de ensino e que poderão ter consequências funestas para a carreira dos professores, para a formação de nossos jovens e para o currículo em geral. A Filosofia, no rol das disciplinas formativas, certamente será uma das principais prejudicadas e nós da APROFFESP não poderíamos ficar calados; vejamos o que poderá acontecer.
            Com uma reforma denominada “Inova Educação”, há dois projetos que pretendem colocar em prática tais “inovações” através de duas vias: o PEI – Programa de Escola Integral e o “novotec”, com quatro modalidades. Esses projetos aparentemente novos não passam de novos nomes que são dados aos antigos objetivos dos governos tucanos que tentam implantar a sua política neoliberal e privatista dos espaços públicos, nesse caso, da escola pública paulista. A isto nós chamamos de “painel de velhas novidades”, parodiando a canção de Cazuza “O tempo não para” com a linda metáfora: “Eu vejo o futuro repetir o passado, eu vejo um museu de grandes novidades, o tempo não para, não para...”
            Quantas reformas o PSDB/PMDB vêm fazendo desde o início dos anos 90 – lembram da “Escola Padrão”, da “Progressão Continuada” = aprovação automática, das “Salas Ambientes da secretária Rose Neubauer??? O que melhorou na qualidade de ensino da escola pública? Houve melhoria na carreira e nos salários dos professores, funcionários, educadores em geral? Não, não houve, ao contrário, o que aconteceu foi uma piora e desvalorização crescente da carreira dos educadores e no aprendizado dos alunos/as da escola estadual. Por quê?
            Não houve melhora simplesmente porque os neoliberais não estão de fato preocupados com a melhoria da educação pública, nem com a carreira dos professores/as, pois suas preocupações são privatistas e voltadas para o mercado de trabalho e satisfação das necessidades imediatistas do mundo empresarial; e por isso mesmo sempre apostam no que denominamos neotecnicismo que tenta repetir como farsa as reformas do regime militar com a Lei 5.692/71, a mesma política que jogou a qualidade de ensino, a carreira e os salários dos/as professores/as aos níveis que vemos hoje, principalmente no Estado de São Paulo, o 18° pior salário do país, que não cumpre o 1/3 Jornada do Piso e não paga o PSPN, descumprindo a Lei federal implantada em 2009!
            Desta forma, elencamos aqui algumas críticas que apontam para os pontos negativos dos “novos” projetos do atual governo João Dória que nos colocam na resistência a essas reformas que são uma farsa bem arquitetada para terceirizar o currículo, as disciplinas e os espaços da escola pública, piorando ainda mais a qualidade do ensino e o aprendizado dos jovens:
- Ao oferecer um reajuste de 75% sobre o salário, é bom lembrar que isso não é incorporado e o professor/a perdem os benefícios que tem um cargo efetivo; perde-se também a estabilidade, ficando o educador à mercê de avaliações subjetivas de gestores alinhados com o governo;
- As escolas estão sucateadas e, mesmo com as promessas de melhorias na infraestrutura, não há garantias efetivas de que as escolas que optarem pelo PEI serão aparelhadas; basta ver as atuais escolas em tempo integral que continuam carentes dos recursos e infraestrutura necessária;
- Além da perda da estabilidade, haverá um desvio de função dos professores/as, que além do período de aulas também terá de acompanhar e orientar os/as alunos/as em suas atividades extraclasse;
- Com o “novotec”, haverá uma diminuição do tempo de aula (de 50 para 45 minutos) e no número de aulas da base comum, baixando de 30 para 26 aulas, prejudicando diretamente as disciplinas de Filosofia e Sociologia, que eram obrigatórias até a Lei N° 13.415/17 do “novo ensino médio” que eliminou numa canetada o Artigo 36 da LDB que havia sido reformulado. Aliás, é bom saber que, além de Língua Portuguesa e Matemática, nenhuma disciplina é agora obrigatória, o que fragiliza ainda mais a BNCC e a formação acadêmica dos/as alunos/as da escola pública, prejudicando diretamente os jovens mais carentes.
            Contra a imposição e o autoritarismo das reformas neoliberais e neotecnicistas de João Dória, contra os projetos do “Inova Educação”, o PEI e o NOVOTEC, pela autonomia das escolas, em defesa da Filosofia e do currículo formativo que garanta de fato uma educação integral aos jovens, a APROFFESP chama os/as professores/as de Filosofia e das demais disciplinas para continuarmos a luta por uma escola pública laica, gratuita e de qualidade de verdade!

DIRETORIA DA APROFFESP (2018 – 2021)

Presidenta: Lúcia Martins Peixoto - Caieiras, SP
Vice-Presidente: Anízio Batista de Oliveira - J. Maria Estela, São Paulo, SP.
Secretário: Valmir João Schmitt - Jaraguá - São Paulo, SP
Primeiro Secretário: Alvira Soares Rêis -  V. Santa Teresa - São Paulo, SP
Tesoureiro:  Sônia Maria de Almeida – J. Vergueiro, Saúde SP
Primeiro Tesoureiro: José de Jesus Costa – Osasco, SP
Diretor de Comunicação e Propaganda: Jadir Antônio da Silva – V. Mariana, SP.
Diretor Adjunto de Comunicação e Propaganda:  Marcos R. Ferreira – J. Guarani, São Paulo, SP
Diretor de Políticas Pedagógicas: Francisco P. Gretter – Lapa, São Paulo, SP.
Diretor Adjunto de Políticas Pedagógicas:  Ivo Lima dos Santos – V. Continental, São Paulo, SP
Diretor Articulador das Ciências Humanas e Currículo: Ronaldo Gomes Neves - Diadema,  SP
Diretor de Relações Sociais e Mov. Sindical: Aldo Josias dos Santos - São Bernardo do Campo, SP
Diretor Organizativo da Capital:  Ocimar Freitas - Suzano – SP
Diretora Organizativa da Grande São Paulo:  Lúcia Ap. Denardi, São Bernardo do Campo, SP.
Diretor Organizativo do Interior: Ademir Alves de Lima - São José dos Campos, SP
Diretor Adjunto Organizador do Interior: Odair Salomão, São José do Rio Preto, SP
Diretor de Relações Acadêmicas: Marcos da Silva e Silva - Santo André, SP
Diretora Adjunta de Relações Acadêmicas: Luanda Gomes dos S. Julião – Sacomã, São Paulo, SP

segunda-feira, 6 de julho de 2020

APROFESP DEBATE O CURRÍCULO: Com o Prof. Dr. João Palma

A APROFFESP - Associação de Professores/as Filósofos/as do Estado de São Paulo convida para o debate sobre o Currículo com o Professor João Paulo Cardoso Palma Filho, Licenciado em História Natural, Pedagogia e Direito. Mestre e Doutor em Educação (Supervisão e Currículo) pela PUC/SP. Pós Doutor em Política Educacional pela Faculdade de Educação da USP. Membro do Conselho Estadual de Educação nos períodos de 1985-1994 e 2003-2006. Secretário Adjunto de Educação do Estado de São Paulo (2011-2013) Coordenador do Fórum Estadual de Educação (2013-2015). Membro Titular da Cadeira n° 32 da Academia Paulista de Educação.

LIVE que acontecerá na Sexta Feira dia 10 de Julho às 19 horas e será transmitida pela página do Facebook:   https://www.facebook.com/APROFFESPESTADUALOFICIAL/

Tendo como debatedores os professores Chico Gretter e Aldo Santos, Diretores da APROFFESP e mediação do Prof. Dr. Marcos Silva e Silva.


sexta-feira, 3 de julho de 2020

ODEIO POVOS INDÍGENAS...


Quando o então ministro da deseducação, Abraham Weintraub, disse que "odeia" a expressão "povos indígenas", fiquei estarrecido diante de tamanha incapacidade e limitação intelectual deste energúmeno.
Fiquei pensando e acabei por reler mais uma vez um livro que gosto muito, pelo conteúdo e pelo autor do mesmo que é: Depois de 500 anos QUE BRASIL QUEREMOS?, do grande teólogo e filósofo brasileiro, Leonardo Boff, publicado pela Editora Vozes, no ano 2000, justamente 500 anos depois da invasão do Brasil pelos portugueses, em 1500.
Um livro muito didático que nas suas 127 páginas apresenta, de forma cativante, inúmeras reflexões que estão na ordem do dia.
Na introdução, o autor traça, em rápidas palavras, o objetivo do livro: “A celebração dos 500 anos de Brasil, visão imposta pelos que nos colonizaram e assumida pela oficialidade pública, propicia balanços de distinta natureza, dentre as quais sobressaem os de natureza histórica. O nosso ensaio, tomando em conta a perspectiva do passado, se concentra, fundamentalmente, na visão de futuro”, e destaca a ideia de que “O presente texto, escrito na perspectiva de uma anticelebração dos quinhentos anos, procura reforçar os companheiros e companheiras de sonho, de luta e de caminhada” (páginas 11/12).
O Manifesto da Comissão Indígena 500 anos (1999) afirma que “Os conquistadores chegaram com fome de ouro e sangue, empunhando em uma das suas mãos armas e na outra a cruz, para abençoar e recomendar as almas de nossos antepassados, o que daria lugar ao desenvolvimento, ao cristianismo, à civilização e à exploração das riquezas naturais” (página 16).
Leonardo Boff denuncia toda forma de dominação, matança e destruição da natureza, nada tendo a comemorar nestes 500 anos.
O que mais me chamou atenção foi a grande sacada ao propor a reflexão sobre o Brasil em 1500, visto a partir da praia, das caravelas, ou seja, a invasão pelos portugueses, dito descobrimento, um novo mercado a ser explorado e os obstáculos destruídos, e o Brasil visto a partir do Brasil, a invenção.
Eu acrescentaria uma reflexão e balanço a partir dos três elementos apresentados pelo autor.
Então, você imagina num determinado dia, a população originária tranquila na praia, de repente avista as caravelas se aproximando e delas descendo seres estranhos ao convívio dos moradores, um verdadeiro espanto e a certeza que algo de pior estaria por acontecer.

Para o autor, “a chegada dos portugueses significou uma invasão. Eles ocuparam as terras, submeteram os indígenas e construíram não uma nação autônoma, mas um entreposto comercial e depois uma colônia para enriquecer a metrópoles”. A invasão foi uma verdadeira catástrofe, escravizando e infectando a população nativa, beirando a dizimação em escala crescente da população indígena.
Boff define que o dito descobrimento “equivaleu a um encobrimento e a um apagamento do outro, da história dos povos originários do Brasil e da África” (página 15).
Alguns autores afirmam que em 1500 existiam, no que hoje denominamos Brasil, cerca de 5 milhões de nativos e hoje temos em torno de 800 mil, portanto, além da escravidão e destruição ideológica, deflagraram uma guerra e apagamento e morte de centenas de troncos linguísticos.
Na perspectiva de Boff, o nosso país é um país de contrastes e de grandes injustiças sociais. Ou seja, mesmo considerado uma das sete economias mundiais, no tocante à distribuição e renda, o mesmo se compara com países como a Guatemala, Honduras ou Serra Leoa. “Segundo relatório do Banco Mundial, o Brasil é o país com maior concentração de renda do mundo. Os 10% mais ricos têm quase a metade da renda (48%) e os 20% mais pobres detêm apenas 2%. O 1% dos mais ricos é mais aquinhoado, proporcionalmente, que o 1% mais rico dos USA e da Inglaterra. Esses índices se deterioram nos anos 90 com a crise da economia brasileira, articulada com a crise do sistema financeiro mundial” (página 20).
O autor aprofunda o debate e o conceito de invasão ao citar o teólogo José Comblim, que afirma que o Brasil foi vítima de quatro invasões, inviabilizando na prática a criação de um projeto nacional com a devida autonomia e protagonismo do nosso povo.
A primeira invasão aconteceu no século XVI, cuja história de subordinação e matança generalizada aconteceu com os nativos no denominado período da colonização.
A segunda invasão se deu no século XIX. “Milhares de emigrantes europeus (italianos, alemães, espanhóis, poloneses, suíços e outros), sobrantes do processo de industrialização de seus países de origem, para cá foram extrojetados, aliviando a pressão revolucionária que pesava sobre as classes industriais exploradoras. Foram vistos pelos índios, negros e pobres que aqui já estavam como os novos invasores” (página 32).
A terceira invasão foi por volta dos anos 30 do século XX, vindo a se consolidar no período da ditadura militar. Tentou-se neste período de cerca de 50 anos (1930-1980), “quando criou-se um dinâmico mercado interno, a base mais sólida do desenvolvimento sustentado brasileiro” (página 33).
A quarta invasão ocorre em plena globalização e consolidação do neoliberalismo nos anos 70. “Tornamo-nos o quinto maior hospedeiro de empresas multinacionais do mundo, fazendo com que 35% de nossa indústria seja construída por filiais de empresas estrangeiras. Fomos invadidos pela racionalidade da globalização econômica e pela política do neoliberalismo, chamada de modernização, elaborada nos interesses da nova fase de acumulação do capital agora a nível mundial, pela política gerenciada pelo FMI, pelo Banco Mundial, pelos megaconglomerados e pelo grupo dos 7 países mais ricos do mundo” (página 34).
As categorias apresentadas pelo autor sedimentam importante arcabouço de crítica desde o período colonial até a nossa contemporaneidade.
“Foi a política colonial que lançou as bases estruturais da exclusão no Brasil como foram mostradas classicamente por Sérgio Buarque de Holanda com o seu A visão do paraíso, por Caio Prado Jr. com seu História da formação econômica do Brasil, por Simon Schwartzman com seu Bases do autoritarismo brasileiro e por Darcy ribeiro com o seu O povo brasileiro” (página 40).
O autor cita ainda a grande filósofa brasileira, Marilena Chauí, ”A sociedade brasileira é uma sociedade autoritária, sociedade violenta, possui uma economia predatória de recursos humanos naturais, convivendo com naturalidade com a injustiça, a desigualdade, a ausência de liberdade e com os espantosos índices de várias formas institucionalizadas-formais e informais - de extermínio físico e psíquico e de exclusão social política e cultural”, em “500 anos Cultura e política no Brasil”, na Revista Crítica de Ciências sociais, 38, 1993, 51-52, página 40.
São inúmeras citações que ajudam compreender o comportamento individual de extensão coletiva naquele espaço onde o dito ministro proferiu sua tese que não é nova na história dos dominantes e assassinos do nosso povo.
Ao citar o Manifesto Antropofágico de 1928, Boff reconhece que” O estomago brasileiro digere todas as influências externas, gestando uma cultura singular e bem nossa. A referência não é o europeu nas pessoas emblemáticas do capitão-mor Cabral e do cronista Caminha, mas os tupinambás que numa antropofagia ritual deglutiram nosso primeiro bispo Sardinha” (página 116).
A simbologia pertinente e contextualizada na permanente capacidade de resistência do nossos povos indígenas persiste e avança no processo de resistência.
Portanto, a fala do ministro, um ser abjeto e de profunda incompetência intelectual, sequer conhece a legislação brasileira e o que a constituição de 1988 expressa sobre esta temática. Assim como outras importantes publicações a saber: "A Declaração Internacional dos Direitos dos Povos Indígenas”, de 2007, é um exemplo disso. Como atesta a Constituição Federal, as sociedades indígenas se enquadram perfeitamente na primeira definição que o dicionário Houaiss dá do que é 'povo', a saber: “Conjunto de pessoas que vivem em sociedade, compartilham a mesma língua, possuem os mesmos hábitos, tradições, e estão sujeitas às mesmas leis".
De acordo com a antropóloga, "os povos indígenas no Brasil são também parte do povo brasileiro, pois nada impede que se seja membro de mais de um povo. O Brasil tem portanto o privilégio, como certa vez salientou o líder sul-africano Nelson Mandela, de contar com mais de 300 povos em seu território".
Eloy Terena, assessor jurídico da APIB, disse que declarações como a de Weintraub traduzem "um discurso dito nacionalista que é uma conduta extremamente autoritária e tende a tornar invisíveis as realidades étnicas que existem no Brasil".
O advogado lembrou que a Constituição de 1988 já reconheceu "a pluralidade étnica do país". Antes da Carta, disse Terena, "a ordem era integrar e transformar todos em um único povo, em um processo de branqueamento, e a Constituição vem e dá um outro comando, o comando de respeitar essa diversidade de povos".
"Nós, enquanto movimento indígena, usamos muito essa expressão justamente para retratar a diversidade étnica que existe no país. Nós temos 305 povos falantes de 274 línguas e ainda o registro de 114 grupos de povos isolados. Ou seja, é uma diversidade inigualável que existe no Brasil", disse Terena (https://noticias.uol.com.br/colunas/rubens-valente).
Milhares de anos os povos nativos vêm resistindo e, seguramente, vão continuar a despeito dos ditadores e milicos de plantão. Poderíamos afirmar que a figura caricata do ministro da educação, além de desastrosa atuação junto a esta pasta, se traduz num ser acuado, talvez pela própria simbologia dos tupinambás, sai fugido do país e volta ao ventre dos dominantes e malfeitores que é o imperialismo americano.
Boff conclui este livro fazendo importante registro de profunda identidade com o cantador: “Só é cantador quem traz no peito o cheiro e a cor de sua terra/ a marca de sangue de seus mortos/e a certeza de luta de seus vivos” (página 144).
A letra da música de Vital Faria ainda expressa: Pois mataram índio que matou grileiro que matou posseiro / Disse um castanheiro para um seringueiro que um estrangeiro / Roubou seu lugar.
Pela beleza da expressão cultural, concluo estas observações e me rendo ao inteiro teor da música para uma total e profunda reflexão.

Saga da Amazônia
“Era uma vez na Amazônia a mais bonita floresta
Mata verde, céu azul, a mais imensa floresta
No fundo d'água as Iaras, caboclo lendas e mágoas
E os rios puxando as águas
Papagaios, periquitos, cuidavam de suas cores
Os peixes singrando os rios, curumins cheios de amores
Sorria o jurupari, uirapuru, seu porvir
Era: Fauna, flora, frutos e flores

Toda mata tem caipora para a mata vigiar
Veio caipora de fora para a mata definhar
E trouxe dragão-de-ferro, prá comer muita madeira
E trouxe em estilo gigante, prá acabar com a capoeira

Fizeram logo o projeto sem ninguém testemunhar
Prá o dragão cortar madeira e toda mata derrubar
Se a floresta meu amigo, tivesse pé prá andar
Eu garanto, meu amigo, com o perigo não tinha ficado lá

O que se corta em segundos gasta tempo prá vingar
E o fruto que dá no cacho prá gente se alimentar?
Depois tem o passarinho, tem o ninho, tem o ar
Igarapé, rio abaixo, tem riacho e esse rio que é um mar

Mas o dragão continua a floresta devorar
E quem habita essa mata, prá onde vai se mudar???
Corre índio, seringueiro, preguiça, tamanduá
Tartaruga: Pé ligeiro, corre-corre tribo dos Kamaiura
No lugar que havia mata, hoje há perseguição
Grileiro mata posseiro só prá lhe roubar seu chão
Castanheiro, seringueiro já viraram até peão
Afora os que já morreram como ave-de-arribação
Zé de Nana tá de prova, naquele lugar tem cova
Gente enterrada no chão

Pois mataram índio que matou grileiro que matou posseiro
Disse um castanheiro para um seringueiro que um estrangeiro
Roubou seu lugar
Foi então que um violeiro chegando na região
Ficou tão penalizado que escreveu essa canção
E talvez, desesperado com tanta devastação
Pegou a primeira estrada, sem rumo, sem direção
Com os olhos cheios de água, sumiu levando essa mágoa
Dentro do seu coração
Aqui termina essa história para gente de valor
Prá gente que tem memória, muita crença, muito amor
Prá defender o que ainda resta, sem rodeio, sem aresta
Era uma vez uma floresta na Linha do Equador”
(Composição: Vital Farias)

Lutar Resistir e Vencer é Preciso!

Aldo Santos - Diretor da Aproffesp, Vice Presidente da Aproffib, Ex-vereador/sbc, militante sindical, popular e presidente do Psol de ão Bernardo Campo.

quinta-feira, 25 de junho de 2020

Agradecimento da Aproffesp ao CPV





Agradecemos!

A APROFFESP agradece ao Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro, na pessoa do Sr. Anízio Batista, pelo reconhecimento manifestado ao incluir nossa entidade como uma das beneficiárias de seu valioso legado. Comungamos com o CPV a mesma missão de “alimentar o movimento social com o registro de suas ações presentes e passadas, visando a transformação social.”. Comprometemo-nos em manter viva sua memória e dar continuidade ao trabalho que alimenta a utopia possível de que as lutas da classe trabalhadora é a semente de um outro mundo justo, igualitário. 

São Paulo, 25 de junho 2020. 

DIRETORIA DA APROFFESP ESTADUAL.

DIRETORIA DA APROFFESP (2018 – 2021) Presidenta: Lúcia Martins Peixoto - Caieiras, SP
Vice-Presidente: Anízio Batista de Oliveira - J. Maria Estela, São Paulo, SP.
Secretário: Valmir João Schmitt - Jaraguá - São Paulo, SP
Primeiro Secretário: Alvira Soares Reis - V. Santa Teresa - São Paulo, SP
Tesoureiro: Sônia Maria de Almeida – J. Vergueiro, Saúde SP
Primeiro Tesoureiro: José de Jesus Costa – Osasco, SP
Diretor de Comunicação e Propaganda: Jadir A. da Silva -V. Mariana, SP.
Diretor Adjunto de Comunicação e Propaganda: Marcos Rubens Ferreira – J. Guarani, São Paulo, SP
Diretor de Políticas Pedagógicas: Francisco P. Greter - Lapa, São Paulo, SP.
Diretor Adjunto de Políticas Pedagógicas: Ivo Lima dos Santos – V. Continental, São Paulo, SP
Diretor Articulador das Ciências Humanas e Currículo: Ronaldo Gomes Neves - Diadema, SP
Diretor de Relações Sociais e Movimentos Sindical: Aldo Josias dos Santos - São Bernardo do Campo, SP
Diretor Organizativo da Capital: Ocimar Freitas - Suzano – SP
Diretora Organizativa da Grande São Paulo: Lúcia Aparecida Denardi, São Bernardo do Campo, SP.
Diretor Organizativo do Interior: Ademir Alves de Lima - São José dos Campos, SP
Diretor Adjunto Organizador do Interior: Odair Salomão, São José do Rio Preto, SP
Diretor de Relações Acadêmicas: Marcos da Silva e Silva - Santo André, SP
Diretora Adjunta de Relações Acadêmicas: Luanda Gomes dos Santos Julião – Sacomã, São Paulo, SP

terça-feira, 16 de junho de 2020

Circular: Reunião ampliada da APROFFESP 13/06/20


Circular com resumo das deliberações da reunião ampliada da APROFFESP realizada no dia 13/06/20 às 9 horas pelo aplicativo Zoom.

Pauta: Conjuntura educacional e política e Organizativo da APROFFESP.

Conjuntura  educacional  - Debateu-se os impactos da EAD imposta pelo governo do Estado de São Paulo, o excessivo trabalho e assédio contra professores/as, a baixa participação de alunos/as, conteúdos descontextualizados das aulas do CMSP e o mais grave, a exclusão daqueles que encontram-se em situação de vulnerabilidade social agravada pela pandemia e irresponsabilidade do “desgoverno federal” que além de não apresentar nenhum plano eficaz de combate à pandemia age de forma criminosa e não garante sequer a renda básica para milhares de pessoas (alunos e familiares) que estão entregues à própria sorte. No âmbito Federal, repudiamos a postura do ministro Abraham Weintraub, bem como a tentativa de Ingerência nas Universidades através da Medida Provisória 979/2020, do presidente Jair Bolsonaro, que felizmente foi devolvida pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, por se inconstitucional. Lançaremos uma nota de repúdio em conjunto com a APROFFIB para denunciar mais esta ameaça autoritária.

Conjuntura política Com a Edição da MP 979/2020, o Presidente Jair Bolsonaro dá mais uma clara demonstração de seus métodos antidemocráticos, confirmando assim uma disposição insana de “reciclar o lixo da história” repetindo gestos ações de governos fascistas, como o de Mussolini na Itália e dos generais do regime militar no Brasil pós golpe de 64, além de tantos outros que já foram execrados pela história, não sem muita luta e sacrifício de vidas humanas.  Houve consenso quanto a urgência de combater o avanço neofascista que ameaça a democracia, no entanto, ressaltamos a importância da defesa da vida, visto que a pandemia do Covid-19 atinge números alarmantes. Exaltamos a bravura da militância antifascista que retorna às ruas, salientando, no entanto, que todas as medidas de segurança sanitária e as orientações da OMS devem ser observadas; também defendemos a manutenção do isolamento social como a forma mais eficaz de preservar a vida e evitar um amento ainda mais devastador do vírus e consequente colapso do SUS. Soltaremos também uma Nota a esse respeito.

Organizativo da Aproffesp – Diante do histórico de lutas e conquistas da APROFFESP em seus dez anos de história na defesa do ensino da Filosofia, reforçou-se os desafios que temos pela frente a exigir que “nos reinventemos” para utilizar as ferramentas tecnológicas disponíveis nesse momento, para revitalizar a Entidade e seguir nossos princípios.

Tarefas:
- Retomar as atividades das instâncias;
- Fortalecer e ampliar o setor de comunicação e formação: produção de notas, artigos, realização de “Lives”, etc.

Temas urgentes:
- EAD e Currículo (proposta de realizar reunião formativa com o Prof. João Palma)
- Filosofia Remota?
- Rumos da necropolítica nos governos fascistas;
- Protocolo da morte (Escolha de Sofia);
- A filosofia e levante antirracista;
- Retomada do comitê contra a perseguição e criminalização dos lutadores e lutadoras sociais;
- Combate ao aumento da violência contra a mulher e do feminicídio.

Secretaria dos Trabalhos


segunda-feira, 15 de junho de 2020

APRENDIZADOS COM A PANDEMIA: Prof. Ivo Lima


APRENDIZADOS COM A PANDEMIA

1. Um dos desafios é conversar com o silêncio, porque ele é muito sincero e não é fácil encará-lo de frente.

2. Que a Ciência, o poder político dos homens e a pretensão em ser o centro do Universo, revelou-se muito frágil diante de um vírus feroz e mortal.

3. A Pandemia apenas escancarou a insuficiência do Sistema Público de Saúde, a precariedade do papel do Estado em relação às Políticas Públicas essenciais, especialmente diante das desigualdades sociais que penalizam os mais pobres.

4. Nesse contexto do isolamento social e do distanciamento, tivemos que reaprender a arte da convivência, tanto o espaço privado como na arena pública. Nesse sentido, fomos forçados a pensar melhor na condição do outro, vendo-o como um de nós mesmos.

5. Diante da impossibilidade de sairmos de casa e a qualquer custo, além dos membros da família, uma das companhias que nos encheram de afeto foram os animais de estimação, que tiveram a percepção de que os humanos, em sua extrema carência, mais do que nunca, estavam precisando de seu amor incondicional, porque eles não são bons por conveniência.

6. Daqui para frente, depois de levarmos esse baque, que prioridades iremos eleger? Muitas delas que cultivávamos revelaram-se insuficientes como fontes de felicidade verdadeira: a ignorância ao invés do conhecimento, o consumismo, o egoísmo, valorizar mais a aparência do que a essência, o culto da vaidade extrema, a falta de empatia, o desprezo à coisa pública e o pouco cuidado com a natureza.

7. A dimensão da crise Econômica, Política, Ética e do Sistema de Saúde, mostraram claramente o esgotamento do Sistema Capitalista de Produção e a necessidade de se inventar outras formas de vida coletiva, que não tenha como tripé: o lucro, através da especulação no mercado financeiro, da ganância e da concentração de renda.

8. Diante desse quadro, o que queremos ser, agora, e o que estamos plantando, principalmente na Educação dessa geração, inclusive nos valendo das novas tecnologias, das habilidades e competências, em vista de um mundo melhor também para as futuras, está sendo o adequado perante as exigências para uma Nova Realidade Mundial?

9. Outra coisa que a Pandemia nos coloca é a necessidade de um novo paradigma, que leve em conta: parafraseando Edgar Morin, uma visão holística, um pensamento que considera a complexidade, a consciência de que somos seres planetários, em que temos que conviver com certezas provisórias e seguir adiante nos trilhos da incerteza.

10. Por fim, temos uma certeza, filosofando com Heráclito de Éfeso: a mudança é a única coisa certa.


Ivo Lima dos Santos, Diretor da Aproffesp
Professor de Filosofia e Escritor
Autor dos livros: Para agir com sabedoria
A direção da Vida
Pensar bem, viver melhor
E-mail: ivodos@yahoo.com.br
Site: www.ivolimasantos.com.br

quarta-feira, 10 de junho de 2020

Moção de apoio aos militantes em luta contra o fascismo: Aproffesp e Aproffib


ASSOCIAÇÃO DE PROFESSORES/AS DE FILOSOFIA E FILÓSOFOS/AS
DO ESTADO DE SÃO PAULO - APROFFESP
ASSOCIAÇÃO DOS/AS PROFESSORES/AS DE FILOSOFIA E FILÓSOFOS/AS
DO BRASIL – APROFFIB

Moção de apoio aos militantes em luta contra o fascismo

            A APROFFIB e a APROFFESP vem a público protestar contra a atitude fascista do deputado Douglas Garcia, bem como do levante fascista que temos assistido nos últimos dias. O fascismo se articula por volta da segunda década do século passado, tendo em Benito Mussolini da Itália, seu grande expoente. Até hoje o fascismo e o nazismo rondam a sociedade como um fantasma do passado na retirada de direitos conquistados, na desconstrução das conquistas democráticas, corroborando com a falsa moral e ética burguesas, ou melhor, com o moralismo conservador burguês. 
      Segundo o filósofo italiano Norberto Bobbio, “O fascista fala o tempo todo em corrupção. Fez isso na Itália em 1922, na Alemanha em 1933 e no Brasil em 1964. Ele acusa, insulta e agride, como se fosse puro e honesto. Mas o fascista é apenas um criminoso comum, um sociopata que faz carreira na política. No poder, essa direita não hesita em torturar, estuprar e roubar sua carteira, sua liberdade e seus direitos. Mais do que a corrupção, o fascista pratica a MALDADE".
          Com a vitória via fraude eleitoral de Jair Bolsonaro, as características deste governo é um mergulho do reacionarismo civil/militar em relação tanto aos direitos básicos como ideológico, reestabelecendo o neofascismo, acrescido das piores práticas de seus mentores e seguidores.
          Como se não bastasse lutar contra o genocida eleito presidente, seus representantes organizam dossiês com nomes de supostos antifascistas, numa tentativa de criminalização das lutas e os lutadores sociais. Por tudo isso e muito mais, repudiamos tais práticas criminosas e oferecemos nossa solidariedade aos injustamente acusados, conforme relação contida no referido dossiê, de autoria do deputado Douglas Garcia, do PSL/SP.
            A única forma de combatermos o fascismo e os fascistas é o efetivo enfrentamento dos mesmos nas redes sociais, nos parlamentos e nas ruas.

DIRETORIAS DA APROFFESP & APROFFIB

                         

  A verdade dos senhores da guerra e seus impérios O povo cubano, sob o comando dos revolucionários de Serra Maestra, se insurgiu contra o d...