quinta-feira, 17 de maio de 2018

PLENÁRIA ESTADUAL: A Reforma do Ensino Médio e a Base Nacional ‘Incomum’ Curricular

A APROFFESP chama para a Plenária Estadual todas às áreas que foram afetadas com a reforma do ensino médio. É urgente a articulação de um Fórum que aglutine todas as disciplinas, pois a luta tem quer ser unificada. 

As Plenárias Regionais acontecerão no período da manhã em mais de 30 Regiões, se a sua ainda não está organizada junte a galera da filosofia, entre em contato conosco para receber os textos e orientações. 

É PRECISO LUTAR E RESISTIR!




https://www.facebook.com/events/130586661139668/

quinta-feira, 10 de maio de 2018

Lançamento: "PENSAR BEM, VIVER MELHOR"

CONVIDAMOS TODOS/AS PARA O LANÇAMENTO DO LIVRO 
"PENSAR BEM, VIVER MELHOR" de autoria do Professor Ivo Lima Filósofo, escritor e professor de Filosofia, diretor da Aproffesp Estadual
Data: 09/06/18
Local: FÁBRICA DE CULTURA da Vila Nova Cachoeirinha. Rua: Franklin do Amaral, 1575, próximo da E. E Professora Marly Diva Bonfanti. 
Horário: 15 horas


A fundamental presença da Filosofia/Ciências Humanas no currículo escolar: A farsa do "novo ensino médio"



            Consideramos que a presença das Ciências Humanas e da Filosofia é fundamental no currículo escolar do ensino médio e também do fundamental. Todavia, o viés tecnicista da Lei n° 13.415/17 e da nova Base Nacional Comum Curricular – BNCC não levam em conta a formação integral dos jovens; eles estão preocupados mesmo é com a preparação de mão de obra para o mercado de trabalho no sistema capitalista, o grande “deus” que tudo domina; não é este o conceito que temos de “mundo do trabalho”, que envolve todas as dimensões do ser humano, em que a categoria do trabalho surge como essencial para a realização individual e social de cada um e de todos. Para os defensores do tal “novo ensino médio”, a educação humanista, crítica, criativa não entra na conta de seus cifrões!

Voltemos ao “novo ensino médio” e suas fundamentações político-filosóficas, se é que as tem. Pelo menos na proposta do componente curricular de Filosofia e História, para citar apenas duas disciplinas, o que vemos no site do MEC é uma peça frágil em se tratando do aspecto teórico-metodológico, pois não há unidade, não há referência às grandes linhas do pensamento filosófico-educacional brasileiro e mundial; a proposta do MEC é superficial, incompleta, desarticulada, apresentando um rol de conteúdos esparsos, conseguindo ser pior do que os “cadernos do professor” distribuídos pelos governos tucanos através da Fundação Vanzolini, uma terceirizada que reuniu várias equipes dispersas para produzir os materiais que compõem o currículo da escola pública paulista.

Não foi no que deu o tecnicismo dos tempos da ditadura? Não ocorreu a piora na qualidade do ensino e precarização da carreira do professor, a ponto de o próprio governo militar de João Figueiredo, em 1982, chamar uma reforma da educação com a volta das disciplinas clássicas?

Para mostrar esse viés tecnicista da lei do “novo ensino médio”, propagandeada já há meses através de matéria paga pelo governo federal no rádio e na TV Citemos aqui somente a questão das “áreas do conhecimento” que compõe o currículo: Os PCNs (1999) traziam três áreas do conhecimento, a saber: I. Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; II. Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias; III. Ciências Humanas e suas Tecnologias. Posteriormente a Matemática, dado à pressão que o lobby dos matemáticos exerceu, foi desmembrada e passou a figurar como uma área específica a mais (!?). E na atual Lei 13.415/17, aparece uma quinta área denominada “Formação técnica e profissional”.

O fato da Matemática isolada compor uma “área do conhecimento”, bem como a formação técnico-profissionalizante, é um indício forte de que os objetivos da nova lei têm um viés tecnicista e profissionalizante. A exclusividade da Língua Portuguesa, do Inglês e da Matemática, se tornando as únicas matérias obrigatória do Currículo do ensino médio, além da Educação Física contemplada depois, e a retirada da obrigatoriedade da Filosofia e da Sociologia com a supressão do Artigo 36 da LDB, cuja alteração em 2008 garantia a obrigatoriedade das mesmas, atestam inequivocamente o tecnicismo da proposta curricular da Lei 13.415/17 aprovada em fevereiro do ano passado.

Cumpre ressaltar que, assim como a Filosofia e a Sociologia, as demais disciplinas continuam não sendo obrigatórias pela nova Lei, sejam as Ciência Naturais (Física, Química e Biologia), sejam as Ciências Humanas (História e Geografia) e também a Educação Artística! Exceto Português e Matemática, nenhuma disciplina está garantida!

Embora a falsa propaganda diga o contrário e apela para o “poder de escolha dos jovens”, a lei do “novo ensino médio”, conforme análise da maioria dos importantes especialistas em educação do país, continuará reproduzindo a velha escola dualista tradicional, tanto socialmente como epistemologicamente. A escola dualista que marca a história da educação brasileira desde a colônia, forma, de um lado, os filhos dos trabalhadores como mão de obra profissionalizante para o mercado de trabalho e, do outro, forma os filhos da classe dominante (burguesia) para perpetuarem a dominação, tanto política como econômica, científico-tecnológica e cultural. A escola dualista ainda continuará reproduzindo o dualismo dos que realizam o trabalho físico, manual, técnico-repetitivo (mesmo em “altas funções” no setor de serviços) e daqueles que se formam como intelectuais do sistema, seja no campo da ciência e da tecnologia, como no campo das mídias, da cultura, da política e da educação!

Então, que saída podemos vislumbrar para romper com o tecnicismo, o dualismo e o elitismo da educação brasileira? 

Nós, educadores da escola pública em todos os níveis, ainda podemos reagir antes que a quadrilha que se apossou do Brasil feche o cerco de vez e faça aprovar todas as suas reformas a mando do neoliberalismo mundial, como a reforma trabalhista e a PEC 241 que foi aprovada em 2016, congelando os gastos públicos por vinte anos!

 Mas ainda podemos ainda lutar nas instâncias estaduais, nos conselhos de educação, nas conferências, nas ruas, junto aos nossos alunos, suas mães e pais trabalhadores. Não será fácil, mas é possível. Precisamos reagir a essa cruel investida dos inimigos da educação pública de qualidade, das Ciências Humanas em geral e da Filosofia, em particular.

Deixamos claro aqui que não somos contra a modernização da educação, que não somos contra o ensino tecnológico e a preparação para o mundo do trabalho; nós educadores conscientes não somos contra a tecnologia e nem contra o mercado, nem contra a formação profissional e a competência que devemos ter, além do nosso compromisso com a formação humana e com a humanidade, com os valores da ética e da cidadania. Somos contra a deturpação que fazem desses valores, contra a farsa de reformas que não levam em conta os verdadeiros problemas que afetam a educação e os educadores do país. Somos contra o engano dos que, certamente iludidos pela propaganda, acreditam nessas reformas que não mexem nas verdadeiras causas da baixa qualidade da educação em nosso país, como é o caso da desvalorização da carreira do professor.

Mas a questão da Filosofia não é apenas teórica, acadêmica, de definições da verdade relativa ou absoluta, mas uma questão prática; e a práxis é o critério da verdade. Mas a práxis não é ativismo, o agir por agir, pois a prática sem Teoria é cega, da mesma forma que a teoria sem prática é alienação, parafraseando as “Teses contra Feuerbach”, de Karl Marx, cujo nascimento há duzentos anos comemoramos no último dia 05/05. Esta verdade da Dialética é insuperável, pois mostra a Razão que se projeta na consciência e na realidade não como coisa, objeto, mas como movimento dinâmico do ser histórico-social em construção permanente e sempre inacabado. Esta revolução epistemológica operada por Marx é o fundamento e a condição de possibilidade de todas as demais revoluções.

Assim sendo, quando defendemos a presença essencial da Filosofia e das Ciências Humanas no processo educativo e consequentemente no currículo do ensino médio, não estamos defendendo um interesse corporativo desta ou daquela disciplina; os que a atacam a Filosofia e querem eliminá-la das escolas, da educação, do currículo, da sociedade o fazem com muitos argumentos filosóficos ou falácias que seduzem e enganam os que vivem no senso comum. A Filosofia e os filósofos da luta jamais deixarão os enganadores em paz. Estamos apenas defendendo o direito de todos os jovens de terem acesso ao patrimônio cultural, científico, tecnológico, ético e político da humanidade e que possam refletir sobre todos eles. Negar isso aos jovens e aos professores é negar a própria essência da educação.


*Francisco P. Greter é professor universitário e do ensino médio, mestre em Filosofia e História da Educação – FEUSP/1997, conselheiro estadual da APEOESP, membro da TLS – Trabalhadores  na Luta Socialista e presidente da APROFFESP – www.aproffesp.org

terça-feira, 8 de maio de 2018

Livro: III Encontro de Professores de filosofia do Estado de São Paulo

A Edição Impressa será lançada no nosso IV Encontro Estadual que se realizará nos dias 12, 13 e 14 de Setembro.

APRESENTAÇÃO
  
           A Associação dos Professores de Filosofia e Filósofos do Estado de São Paulo (APROFFESP), fundada em 2009, prossegue na defesa da Filosofia e de uma educação laica, crítica e de qualidade. Tem por objetivo promover o ensino da disciplina nas escolas públicas e privadas; defender os interesses dos professores e organizar a luta da categoria em todo o Estado de São Paulo, em conjunto com a Associação dos Professores de Filosofia e Filósofos do Brasil (APROFFIB), criada em 2013, no I Encontro da APROFFESP.
           O III Encontro Estadual dos Professores e Filósofos de São Paulo acontece em um momento de franco retrocesso na política social do país, em que o governo ilegítimo de Michel Temer, apoiado por um Congresso conservador, aprovou a Proposta de Emenda Constitucional - PEC 55, a “PEC da morte”, que congela investimentos, sobretudo nas áreas de educação, saúde e seguridade social, para os próximos 20 anos.
A exemplo do que ocorreu no regime ditatorial militar, que exilou a Filosofia do currículo escolar, com a lei 5.692 de 1971, o governo Temer, em uma “canetada”, retirou a obrigatoriedade dessa disciplina, além da Sociologia, do ensino médio com a Medida Provisória 746. Sem qualquer diálogo com a comunidade acadêmica e escolar. As disciplinas só poderão ser ensinadas de forma “diluída” em outras disciplinas, na Base Nacional Comum Curricular, ao longo dos três anos.
          Soma-se a mais esse golpe o fato de que os milhares de professores habilitados para lecionar tais disciplinas hoje no ensino médio enfrentarão o desemprego, seja por eliminação ou redução de carga horária, seja pela liberação de professores com “notório saber”. E por fim, fica evidente que tal projeto tem por objetivo excluir mais uma vez os filhos e filhas dos trabalhadores do acesso à educação.
          Diante desse cenário catastrófico, a APROFFESP, com a realização de seu III Encontro, que teve a participação de mais de 320 pessoas, pretende contribuir para o debate, organização e mobilização dos professores de Filosofia e filósofos na defesa de uma educação de qualidade que vise à construção do pensamento crítico para uma efetiva transformação social.

Farejador Filosofico - Profª Lúcia Peixoto: Marginalização das Ciências Humanas: A quem intere...

Farejador Filosofico - Profª Lúcia Peixoto: Marginalização das Ciências Humanas: A quem intere...: A quem interessa a marginalização das Ciências Humanas e o exílio da Filosofia e da Sociologia do Ensino Médio? O que está por traz da absur...

Pagamento dos salários d@s aposentad@s já!

A APROFFESP REPUDIA O DESCASO DO GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO QUE DE MODO AVILTANTE DEIXA DE PAGAR OS SALÁRIOS DAS PROFESSORAS E PROFESSORES APOSENTADOS. DENUNCIAMOS E EXIGIMOS O DEPOSITO IMEDIATO DOS SALÁRIOS.

"Muitos Professores e Professoras aposentados (as), do Estado de São Paulo foram surpreendidos nesta manhã de 08 de maio com uma surpresa muito desagradável, o pagamento dos salários não foi depositado pelo governo através do SPPREV; sequer está provisionado. 
Consideramos este ataque inaceitável, pois os professores aposentados têm em média uma redução salarial de 20%, além de parte dos salários ser destinada a compra de medicamentos.
O salário é uma questão de vida ou morte para muitos professores. É de se perguntar será que o Estado de São Paulo está seguindo no mesmo caminho do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e outros Estados que simplesmente param de pagar os salários dos funcionários públicos?
Sabemos que os tucanos e seus puxadinhos não têm o menor respeito pela educação, nem pelos professores e pelos funcionários públicos, que já são obrigados a conviver com os salários super-defasados. Agora com a saída de Alckmin do governo e com a briga entre PSDB e PSB eles já começam a jogar a conta nas constas dos professores começando pelos aposentados.
Exigimos o pagamento imediato dos salários e vamos encaminhar para a APEOESP estadual que encaminhe todas as medidas cabíveis, tanto políticas como jurídicas. É gravíssima esta situação.
Pagamento dos salários dos aposentados já!" 


http://abcdaluta.com.br/post/governo-nao-deposita-o-salario-dos-aposentados-exigimos-pagamento-ja

domingo, 6 de maio de 2018

Karl Marx O filósofo da revolução: 200 anos Presente hoje e sempre!


"Os modos de produção vêm definindo e delineando os embates de classe, as teorias de Marx fundamentando e combatendo o positivismo ainda militante, assim como o capitalismo em sua profundidade, nos remete a necessidade de darmos um passo à frente do ponto de vista conceitual e da práxis humana, revolucionando as aspirações pedagógicas rumo à edificação do homem  e do mundo novo que devemos construir de forma revolucionária."  (Aproffesp)
http://www.aproffesp.org/artigos/131-avanca-a-luta-pelo-ensino-de-filosofia-no-brasil


Karl Marx - O filósofo da revolução

Numa de suas frases mais famosas, escrita em 1845, o pensador alemão Karl Marx (1818-1883) dizia que, até então, os filósofos haviam interpretado o mundo de várias maneiras. "Cabe agora transformá-lo", concluía. Coerentemente com essa idéia, durante sua vida combinou o estudo das ciências humanas com a militância revolucionária, criando um dos sistemas de idéias mais influentes da história. Direta ou indiretamente, a obra do filósofo alemão originou várias vertentes pedagógicas comprometidas com a mudança da sociedade (leia quadro na página 54). "A educação, para Marx, participa do processo de transformação das condições sociais, mas, ao mesmo tempo, é condicionada pelo processo", diz Leandro Konder, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

No século 20, o pensamento de Marx foi submetido a numerosas interpretações, agrupadas sob a classificação de "marxismo". Algumas sustentaram regimes políticos duradouros, como o comunismo soviético (1917-1991) e o chinês (em vigor desde 1949). Muitos governos comunistas entraram em colapso, por oposição popular, nas décadas de 1980 e 1990. Em recente pesquisa da rádio BBC, que mobilizou grande parte da imprensa inglesa, Marx foi eleito o filósofo mais importante de todos os tempos.

Luta de classes
Na base do pensamento de Marx está a idéia de que tudo se encontra em constante processo de mudança. O motor da mudança são os conflitos resultantes das contradições de uma mesma realidade. Para Marx, o conflito que explica a história é a luta de classes. Segundo o filósofo, as sociedades se estruturam de modo a promover os interesses da classe economicamente dominante. No capitalismo, a classe dominante é a burguesia; e aquela que vende sua força de trabalho e recebe apenas parte do valor que produz é o proletariado.

O marxismo prevê que o proletariado se libertará dos vínculos com as forças opressoras e, assim, dará origem a uma nova sociedade. Segundo Marx, o conflito de classes já havia sido responsável pelo surgimento do capitalismo, cujas raízes estariam nas contradições internas do feudalismo medieval. Em ambos os regimes (feudalismo e capitalismo), as forças econômicas tiveram papel central. "O moinho de vento nos dá uma sociedade com senhor feudal; o motor a vapor, uma sociedade com o capitalista industrial", escreveu Marx.

A obra de Marx reúne uma grande variedade de textos: reflexões curtas sobre questões políticas imediatas, estudos históricos, escritos militantes – como O Manifesto Comunista, parceria com Friedrich Engels – e trabalhos de grande fôlego, como sua obra-prima, O Capital, que só teve o primeiro de quatro volumes lançado antes de sua morte. A complexidade da obra de Marx, com suas constantes autocríticas e correções de rota, é responsável, em parte, pela variedade de interpretações feitas por seus
seguidores.

Trabalho e alienação
Em O Capital, Marx realiza uma investigação profunda sobre o modo de produção capitalista e as condições de superá-lo, rumo a uma sociedade sem classes e na qual a propriedade privada seja extinta. Para Marx, as estruturas sociais e a própria organização do Estado estão diretamente ligadas ao funcionamento do capitalismo. Por isso, para o pensador, a idéia de revolução deve implicar mudanças radicais e globais, que rompam com todos os instrumentos de dominação da burguesia.

Marx abordou as relações capitalistas como fenômeno histórico, mutável e contraditório, trazendo em si impulsos de ruptura. Um desses impulsos resulta do processo de alienação a que o trabalhador é submetido, segundo o pensador. Por causa da divisão do trabalho – característica do industrialismo, em que cabe a cada um apenas uma pequena etapa da produção –, o empregado se aliena do processo total.

Além disso, o retorno da produção de cada homem é uma quantia de dinheiro, que, por sua vez, será trocada por produtos. O comércio seria uma engrenagem de trocas em que tudo – do trabalho ao dinheiro, das máquinas ao salário – tem valor de mercadoria, multiplicando o aspecto alienante.

Por outro lado, esse processo se dá à custa da concentração da propriedade por aqueles que empregam a mão-de-obra em troca de salário. As necessidades dos trabalhadores os levarão a buscar produtos fora de seu alcance. Isso os pressiona a querer romper com a própria alienação.

Um dos objetivos da revolução prevista por Marx é recuperar em todos os homens o pleno desenvolvimento intelectual, físico e técnico. É nesse sentido que a educação ganha ênfase no pensamento marxista. "A superação da alienação e da expropriação intelectual já está sendo feita, segundo Marx", diz Leandro Konder. "O processo atual se aceleraria com a revolução proletária para alcançar, afinal, as metas maiores na sociedade comunista."
Tempo de utopias e rebeliões na Europa

Marx viveu numa época em que a Europa se debatia em conflitos, tanto no campo das idéias como no das instituições. Já na universidade, as doutrinas socialistas e anarquistas se encontravam no centro das discussões dos grupos que Marx freqüentava. Alguns dos pensadores que então alimentavam as esperanças transformadoras dos estudantes hoje são chamados de "socialistas utópicos", como o britânico Robert Owen (1771-1858) e os franceses Charles Fourier (1772-1837) e Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865). Dois momentos da história européia foram vividos por Marx intensamente e tiveram importantes reflexos em sua obra: as revoltas antimonárquicas de 1848 – na Itália, na França, na Alemanha e na Áustria – e a Comuna de Paris, que, durante pouco mais de três meses em 1871, levou os operários ao poder, influenciados pelas idéias do próprio Marx. A insurreição acabou reprimida, com um saldo de 20 mil mortes, 38 mil prisões e 7 mil deportações.
Aprendizado para a mente, o corpo e as mãoes

Combater a alienação e a desumanização era, para Marx, a função social da educação. Para isso seria necessário aprender competências que são indispensáveis para a compreensão do mundo físico e social. O filósofo alertava para o risco de a escola ensinar conteúdos sujeitos a interpretações "de partido ou de classe". Ele valorizava a gratuidade da educação, mas não o atrelamento a políticas de Estado – o que equivaleria a subordinar o ensino à religião. Marx via na instrução das fábricas, criada pelo capitalismo, qualidades a ser aproveitadas para um ensino transformador – principalmente o rigor com que encarava o aprendizado para o trabalho. O mais importante, no entanto, seria ir contra a tendência "profissionalizante", que levava as escolas industriais a ensinar apenas o estritamente necessário para o exercício de determinada função. Marx entendia que a educação deveria ser ao mesmo tempo intelectual, física e técnica. Essa concepção, chamada de "onilateral" (múltipla), difere da visão de educação "integral" porque esta tem uma conotação moral e afetiva que, para Marx, não deveria ser trabalhada pela escola, mas por "outros adultos". O filósofo não chegou a fazer uma análise profunda da educação com base na teoria que ajudou a criar. Isso ficou para seguidores como o italiano Antonio Gramsci (1891-1937), o ucraniano Anton Makarenko (1888-1939) e a russa Nadia Krupskaia (1869-1939).
Biografia
Karl Marx nasceu em 1818 em Trier, sul da Alemanha (então Prússia). Seu pai, advogado, e sua mãe descendiam de judeus, mas haviam se convertido ao protestantismo. Estudou direito em Bonn e depois em Berlim, mas se interessou mais por filosofia e história. Na universidade, aproximou-se de grupos dedicados à política. Aos 23 anos, quando voltou a Trier, percebeu que não seria bem-vindo nos meios acadêmicos e passou a viver da venda de artigos. Em 1843, casou-se com a namorada de infância, Jenny von Westphalen. O casal se mudou para Paris, onde Marx aderiu à militância comunista, atraindo a atenção de Friedrich Engels, depois amigo e parceiro. Foi expulso de Paris em 1845, indo morar na Bélgica, de onde também seria deportado. Nos anos seguintes, se engajou cada vez mais na organização da política operária, o que despertou a ira de governos e da imprensa. A Justiça alemã o acusou de delito de imprensa e incitação à rebelião armada, mas ele foi absolvido nos dois casos. Expulso da Prússia e novamente da França, Marx se estabeleceu em Londres em 1849, onde viveu na miséria durante 15 anos, ajudado, quando possível, por Engels. Dois de seus quatro filhos morreram no período. O isolamento político terminou em 1864, com a fundação da Associação Internacional dos Trabalhadores (depois conhecida como Primeira Internacional Socialista), que o adotou como líder intelectual, após a derrota do anarquista Mikhail Bakunin. Em 1871, a eclosão da Comuna de Paris o tornou conhecido internacionalmente. Na última década de vida, sua militância tornou-se mais crítica e indireta. Marx morreu em 1883, em Londres.

Para pensar
A alienação de que fala Marx é conseqüência do afastamento entre os interesses do trabalhador e aquilo que ele produz. De modo mais amplo, trata-se também do abismo entre o que se aprende apenas para cumprir uma função no sistema de produção e uma formação que realmente ajude o ser humano a exercer suas potencialidades. Você já pensou se a educação, como é praticada a seu redor, procura dar condições ao aluno para que se desenvolva por inteiro ou se responde apenas a objetivos limitados pelas circunstâncias?

Para saber mais:
- A Ideologia Alemã, Karl Marx e Friedrich Engels, 168 págs., Ed. Martins Fontes
- Marx – Ciência e Revolução, Márcio Bilharinho Naves, 144 págs., Ed. Moderna
- Marx e a Pedagogia Moderna, Mario Alighiero Manacorda, 200 págs., Ed. Cortez
-Marx – Vida e Obra, Leandro Konder, 126 págs., Ed. Paz e Terra


Aldo Santos  - Professor de filosofia do cursinho Passo  a Frente, Formado em Filosofia, Ciências Sociais, Teologia e História. Pós-graduado em Ciências Sociais e Mestre em História e Cultura. Vice Presidente da Aproffesp - Associação de Professores/as de Filosofia e filósofos/as do Estado de São Paulo e Presidente da Aproffib - Associação de Professores/as e Filósofos/as do Brasil. Militante Sindical, Social e do Psol.


V ENCONTRO ESTADUAL DE PROFESSORES/AS DE FILOSOFIA E FILOSOFOS/AS DA APROFFESP!

Venha participar conosco deste importante evento em defesa da educação pública e do saber! 16/08, às 09h, na Câmara Municipal de São Paulo -...