domingo, 6 de maio de 2018

Karl Marx O filósofo da revolução: 200 anos Presente hoje e sempre!


"Os modos de produção vêm definindo e delineando os embates de classe, as teorias de Marx fundamentando e combatendo o positivismo ainda militante, assim como o capitalismo em sua profundidade, nos remete a necessidade de darmos um passo à frente do ponto de vista conceitual e da práxis humana, revolucionando as aspirações pedagógicas rumo à edificação do homem  e do mundo novo que devemos construir de forma revolucionária."  (Aproffesp)
http://www.aproffesp.org/artigos/131-avanca-a-luta-pelo-ensino-de-filosofia-no-brasil


Karl Marx - O filósofo da revolução

Numa de suas frases mais famosas, escrita em 1845, o pensador alemão Karl Marx (1818-1883) dizia que, até então, os filósofos haviam interpretado o mundo de várias maneiras. "Cabe agora transformá-lo", concluía. Coerentemente com essa idéia, durante sua vida combinou o estudo das ciências humanas com a militância revolucionária, criando um dos sistemas de idéias mais influentes da história. Direta ou indiretamente, a obra do filósofo alemão originou várias vertentes pedagógicas comprometidas com a mudança da sociedade (leia quadro na página 54). "A educação, para Marx, participa do processo de transformação das condições sociais, mas, ao mesmo tempo, é condicionada pelo processo", diz Leandro Konder, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

No século 20, o pensamento de Marx foi submetido a numerosas interpretações, agrupadas sob a classificação de "marxismo". Algumas sustentaram regimes políticos duradouros, como o comunismo soviético (1917-1991) e o chinês (em vigor desde 1949). Muitos governos comunistas entraram em colapso, por oposição popular, nas décadas de 1980 e 1990. Em recente pesquisa da rádio BBC, que mobilizou grande parte da imprensa inglesa, Marx foi eleito o filósofo mais importante de todos os tempos.

Luta de classes
Na base do pensamento de Marx está a idéia de que tudo se encontra em constante processo de mudança. O motor da mudança são os conflitos resultantes das contradições de uma mesma realidade. Para Marx, o conflito que explica a história é a luta de classes. Segundo o filósofo, as sociedades se estruturam de modo a promover os interesses da classe economicamente dominante. No capitalismo, a classe dominante é a burguesia; e aquela que vende sua força de trabalho e recebe apenas parte do valor que produz é o proletariado.

O marxismo prevê que o proletariado se libertará dos vínculos com as forças opressoras e, assim, dará origem a uma nova sociedade. Segundo Marx, o conflito de classes já havia sido responsável pelo surgimento do capitalismo, cujas raízes estariam nas contradições internas do feudalismo medieval. Em ambos os regimes (feudalismo e capitalismo), as forças econômicas tiveram papel central. "O moinho de vento nos dá uma sociedade com senhor feudal; o motor a vapor, uma sociedade com o capitalista industrial", escreveu Marx.

A obra de Marx reúne uma grande variedade de textos: reflexões curtas sobre questões políticas imediatas, estudos históricos, escritos militantes – como O Manifesto Comunista, parceria com Friedrich Engels – e trabalhos de grande fôlego, como sua obra-prima, O Capital, que só teve o primeiro de quatro volumes lançado antes de sua morte. A complexidade da obra de Marx, com suas constantes autocríticas e correções de rota, é responsável, em parte, pela variedade de interpretações feitas por seus
seguidores.

Trabalho e alienação
Em O Capital, Marx realiza uma investigação profunda sobre o modo de produção capitalista e as condições de superá-lo, rumo a uma sociedade sem classes e na qual a propriedade privada seja extinta. Para Marx, as estruturas sociais e a própria organização do Estado estão diretamente ligadas ao funcionamento do capitalismo. Por isso, para o pensador, a idéia de revolução deve implicar mudanças radicais e globais, que rompam com todos os instrumentos de dominação da burguesia.

Marx abordou as relações capitalistas como fenômeno histórico, mutável e contraditório, trazendo em si impulsos de ruptura. Um desses impulsos resulta do processo de alienação a que o trabalhador é submetido, segundo o pensador. Por causa da divisão do trabalho – característica do industrialismo, em que cabe a cada um apenas uma pequena etapa da produção –, o empregado se aliena do processo total.

Além disso, o retorno da produção de cada homem é uma quantia de dinheiro, que, por sua vez, será trocada por produtos. O comércio seria uma engrenagem de trocas em que tudo – do trabalho ao dinheiro, das máquinas ao salário – tem valor de mercadoria, multiplicando o aspecto alienante.

Por outro lado, esse processo se dá à custa da concentração da propriedade por aqueles que empregam a mão-de-obra em troca de salário. As necessidades dos trabalhadores os levarão a buscar produtos fora de seu alcance. Isso os pressiona a querer romper com a própria alienação.

Um dos objetivos da revolução prevista por Marx é recuperar em todos os homens o pleno desenvolvimento intelectual, físico e técnico. É nesse sentido que a educação ganha ênfase no pensamento marxista. "A superação da alienação e da expropriação intelectual já está sendo feita, segundo Marx", diz Leandro Konder. "O processo atual se aceleraria com a revolução proletária para alcançar, afinal, as metas maiores na sociedade comunista."
Tempo de utopias e rebeliões na Europa

Marx viveu numa época em que a Europa se debatia em conflitos, tanto no campo das idéias como no das instituições. Já na universidade, as doutrinas socialistas e anarquistas se encontravam no centro das discussões dos grupos que Marx freqüentava. Alguns dos pensadores que então alimentavam as esperanças transformadoras dos estudantes hoje são chamados de "socialistas utópicos", como o britânico Robert Owen (1771-1858) e os franceses Charles Fourier (1772-1837) e Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865). Dois momentos da história européia foram vividos por Marx intensamente e tiveram importantes reflexos em sua obra: as revoltas antimonárquicas de 1848 – na Itália, na França, na Alemanha e na Áustria – e a Comuna de Paris, que, durante pouco mais de três meses em 1871, levou os operários ao poder, influenciados pelas idéias do próprio Marx. A insurreição acabou reprimida, com um saldo de 20 mil mortes, 38 mil prisões e 7 mil deportações.
Aprendizado para a mente, o corpo e as mãoes

Combater a alienação e a desumanização era, para Marx, a função social da educação. Para isso seria necessário aprender competências que são indispensáveis para a compreensão do mundo físico e social. O filósofo alertava para o risco de a escola ensinar conteúdos sujeitos a interpretações "de partido ou de classe". Ele valorizava a gratuidade da educação, mas não o atrelamento a políticas de Estado – o que equivaleria a subordinar o ensino à religião. Marx via na instrução das fábricas, criada pelo capitalismo, qualidades a ser aproveitadas para um ensino transformador – principalmente o rigor com que encarava o aprendizado para o trabalho. O mais importante, no entanto, seria ir contra a tendência "profissionalizante", que levava as escolas industriais a ensinar apenas o estritamente necessário para o exercício de determinada função. Marx entendia que a educação deveria ser ao mesmo tempo intelectual, física e técnica. Essa concepção, chamada de "onilateral" (múltipla), difere da visão de educação "integral" porque esta tem uma conotação moral e afetiva que, para Marx, não deveria ser trabalhada pela escola, mas por "outros adultos". O filósofo não chegou a fazer uma análise profunda da educação com base na teoria que ajudou a criar. Isso ficou para seguidores como o italiano Antonio Gramsci (1891-1937), o ucraniano Anton Makarenko (1888-1939) e a russa Nadia Krupskaia (1869-1939).
Biografia
Karl Marx nasceu em 1818 em Trier, sul da Alemanha (então Prússia). Seu pai, advogado, e sua mãe descendiam de judeus, mas haviam se convertido ao protestantismo. Estudou direito em Bonn e depois em Berlim, mas se interessou mais por filosofia e história. Na universidade, aproximou-se de grupos dedicados à política. Aos 23 anos, quando voltou a Trier, percebeu que não seria bem-vindo nos meios acadêmicos e passou a viver da venda de artigos. Em 1843, casou-se com a namorada de infância, Jenny von Westphalen. O casal se mudou para Paris, onde Marx aderiu à militância comunista, atraindo a atenção de Friedrich Engels, depois amigo e parceiro. Foi expulso de Paris em 1845, indo morar na Bélgica, de onde também seria deportado. Nos anos seguintes, se engajou cada vez mais na organização da política operária, o que despertou a ira de governos e da imprensa. A Justiça alemã o acusou de delito de imprensa e incitação à rebelião armada, mas ele foi absolvido nos dois casos. Expulso da Prússia e novamente da França, Marx se estabeleceu em Londres em 1849, onde viveu na miséria durante 15 anos, ajudado, quando possível, por Engels. Dois de seus quatro filhos morreram no período. O isolamento político terminou em 1864, com a fundação da Associação Internacional dos Trabalhadores (depois conhecida como Primeira Internacional Socialista), que o adotou como líder intelectual, após a derrota do anarquista Mikhail Bakunin. Em 1871, a eclosão da Comuna de Paris o tornou conhecido internacionalmente. Na última década de vida, sua militância tornou-se mais crítica e indireta. Marx morreu em 1883, em Londres.

Para pensar
A alienação de que fala Marx é conseqüência do afastamento entre os interesses do trabalhador e aquilo que ele produz. De modo mais amplo, trata-se também do abismo entre o que se aprende apenas para cumprir uma função no sistema de produção e uma formação que realmente ajude o ser humano a exercer suas potencialidades. Você já pensou se a educação, como é praticada a seu redor, procura dar condições ao aluno para que se desenvolva por inteiro ou se responde apenas a objetivos limitados pelas circunstâncias?

Para saber mais:
- A Ideologia Alemã, Karl Marx e Friedrich Engels, 168 págs., Ed. Martins Fontes
- Marx – Ciência e Revolução, Márcio Bilharinho Naves, 144 págs., Ed. Moderna
- Marx e a Pedagogia Moderna, Mario Alighiero Manacorda, 200 págs., Ed. Cortez
-Marx – Vida e Obra, Leandro Konder, 126 págs., Ed. Paz e Terra


Aldo Santos  - Professor de filosofia do cursinho Passo  a Frente, Formado em Filosofia, Ciências Sociais, Teologia e História. Pós-graduado em Ciências Sociais e Mestre em História e Cultura. Vice Presidente da Aproffesp - Associação de Professores/as de Filosofia e filósofos/as do Estado de São Paulo e Presidente da Aproffib - Associação de Professores/as e Filósofos/as do Brasil. Militante Sindical, Social e do Psol.


APROFFESP: NOTA DE REPÚDIO À VIOLÊNCIA EM GUARULHOS

A Associação dos Professores/as de Filosofia e Filósofos/as do Estado de São Paulo repudia veementemente a repressão policial da GCM de Guarulhos ontem a um grupo, na sua maioria de professores, que protestava contra a aprovação de um Projeto de Lei do movimento "escola sem partido". Soubemos que vários manifestantes foram feridos com balas de borracha, gás lacrimogêneo, gás pimenta, agressão física, etc. A repressão, a intolerância e o autoritarismo que hoje renascem em.nossa sociefade e que alguns querem transformar em "lei" é um atentado à democracia, à liberdade, o respeito à diversidade...o que é inaceitável!
Cumpre lembrar também que os projetos do "escola sem partido" que tentam aprovar em nível municipal, estadual e federal, já tiveram parecer de inconstitucionalidade da Procuradoria Geral da República - PGR; também não cabe aos municípios legislar sobre conteúdos de ensino, o que é prerrogativa do MEC e do Conselho Federal de Educação.
Mais uma vez lamentamos e repudiamos a violência ocorrida em Guarulhos e nos solidarizamos com os manifestantes agredidos. A Filosofia nasceu na praça pública em Atenas e o debate das ideias continua sendo um de seus pilares! "O ser humano é um animal racional e político", como afirmaram Platão e Aristóteles desde o início!
Resistir é preciso! 🌻
São Paulo, 04 de maio de 2018.
DIRETORIA DA APROFFESP


domingo, 29 de abril de 2018

NOTA DA APROFFESP: 1º DE MAIO DE RESISTÊNCIA E LUTA

Chamado para o 1º de maio dia de resistência e luta
em defesa do trabalho docente dos/as professores/as de filosofia

"Trabalhadores do mundo, uni-vos!" (Karl Marx)





PLENÁRIAS REGIONAIS E ESTADUAL DA APROFFESP – 14/03/2018

TEXTO 2 :A contribuição das mulheres no contexto das reformas

    Embasamos nossa contribuição para a análise do lugar da mulher professora na atual conjuntura educacional na nossa pratica no exercício da docência e no brilhante trabalho da professora Jane Soares de Almeida que, entre outros pontos nevrálgicos, nos alerta para a importância de considerar as questões de gênero; afirma ela: “Aceitando-se que as análises sobre a educação não podem mais prescindir da categoria gênero, é possível que se descortinem novos paradigmas que levem à compreensão da intrínseca relação entre mulher e educação e, assim, novas hipóteses podem ser construídas. ”

    No Livro "Mulher e educação: a paixão pelo possível" - 1998, a autora relata com propriedade o percurso profissional feminino no campo da educação no Estado de São Paulo, desde fins do século XIX. Saindo do lar onde se esperava que fossem esposas devotadas e mães extremosas, as mulheres ousaram estudar e ingressar no campo profissional como professoras do antigo “primário” (ensino fundamental I). Ainda que a atividade docente da mulher fosse vista como uma continuação de suas lides maternas e, por isso, mesmo aceita pela sociedade da época, o magistério primário constituiu uma das grandes oportunidades de inserção da mulher de classe média no mercado de trabalho, assim como a enfermagem (Araújo, 1998). As mulheres trilharam um longo caminho do Magistério primário à formação universitária e especialização em várias áreas, o que possibilitou uma nova configuração no mercado de trabalho. No campo da filosofia nós mulheres ainda somos minoria nos espaços universitários como aponta a pesquisa da professora Carolina Araújo (http://anpof.org/portal/images/Documentos/ARAUJOCarolina_Artigo_2016.pdf). Todavia, temos hoje expoentes femininas importantes no cenário filosófico e acadêmico nacional, como as professoras doutoras Marilena Chauí, Olgária Matos, Márcia Tiburi, apenas para citar algumas.

    Acreditamos ser tarefa da APROFFESP potencializar as contribuições das professoras e filósofas, rompendo com o silêncio histórico, para que o brado aprisionado na garganta de muitas de nós possa ecoar e assim possamos escrever uma nova história da Filosofia com voz feminina. Essa compreensão nos possibilita lançar um olhar crítico sobre a conjuntura extremamente adversa (ver Texto 1 sobre a conjuntura) ao conjunto da classe trabalhadora, da qual nós professor@s fazemos parte, no sentindo de entender o processo histórico de desvalorização dos/as profissionais da educação, ataque este intensificado de forma brutal pelo governo golpista de Temer e seus apoiadores que legislam contra os direitos conquistados pelos trabalhadores e trabalhadoras à custa de muita luta no decorrer da história.

    Nas escolas públicas do Estado de São Paulo as condições de trabalho são insalubres, precárias, e não bastasse isso agora nos vemos ameaçadas de forma aviltante com a reforma da previdência e com o avanço de ideologias reacionárias, machistas e misóginas, como a PEC 181/2015 – denominada “cavalo de Troia”, que impossibilitaria a interrupção da gravidez, abrindo brechas para a criminalização do aborto; assim sendo, precisamos ficar alertas e redobrar nossos esforços no sentindo de ampliar o diálogo para o qual a produção filosófica feminina e nossa ação concreta é de fundamental importância.
Para finalizar, no que tange ao campo da educação, lembramos à todas as professoras e educadoras em geral que não somos minoria, ao contrário, somos uma grande maioria que pode fazer a grande diferença na luta pela manutenção e conquista de novos direitos para as mulheres e a classe trabalhadora em geral. A nossa participação ativa nas revoluções francesa e russa foi fundamental para as vitórias então obtidas. Vamos à luta!

    Por fim, salientamos a importância da mesa: A Mulher Professora na Atual Conjuntura
que aprofundara o debate na nossa Plenária Estadual.

Lúcia Peixoto: Professora de Filosofia no Estado de São Paulo, 
Diretora sindical da Aproffesp Estadual, 
Bacharel em Ciências da Religião, Licenciada em filosofia, pós-graduada
em docência da filosofia, cursando Licenciatura em Pedagogia e História.

PLENÁRIAS REGIONAIS E ESTADUAL DA APROFFESP – 14/03/2018 TEXTO 1



TEXTO 1 : Conjuntura educacional

No livro ”Organização política e política de quadros”, de Ademar Bogo, publicado
pela expressão popular, primeira edição de 2011, o autor traça um itinerário da situação
política tendo como marco a queda do muro de Berlim em 1989, aponta os variados
desmontes organizativos e numa descrença efetiva de mudanças revolucionárias, onde
muitos bateram em retirada , outros tentaram repetir os formatos organizativo historicamente
construído, levando a um distanciamento não só das práticas políticas transformadoras,
mas também da teoria que interpretava corretamente o movimento das contradições
históricas. Ainda segundo o autor, Lenin viveu este dilema, classificado como “ondas”,
afirmando que “Nos períodos pacíficos, que fazem parte da pré-revolução e podem durar
décadas, a marcha é lenta. Nos períodos revolucionários - curtos e rápidos - as massas e
todas as forças querem decidir logo as disputas”. Entretanto, nos dias atuais, todos os
agentes e interlocutores que lutam por um mundo novo sofrem e ficam confusos, pois parece
que nossos chamados e apelos são vagos e caem no vazio, sem a devida ressonância ou
resposta efetiva da sociedade em que vivemos.
Guardadas as devidas especificidades, lembra muito o mito grego de Sísifo. O que é
“trabalho de Sísifo”: trabalho de Sísifo é uma expressão popular originada da mitologia
grega, remetendo a todo tipo de trabalho ou situação que é interminável e inútil. O significado
contemporâneo desta frase está relacionado com a ideia de que por mais trabalho e esforço
que se faça em relação a algo, os resultados são sempre infrutíferos, irrelevantes e
frustrantes. Alguns estudiosos, como o escritor e filósofo francês Albert Camus, utilizavam
dos princípios do trabalho de Sísifo na mitologia grega para explicar algumas características
da condição humana. A vida dos seres humanos, segundo Camus, seria semelhante ao
trabalho de Sísifo, pois vivem para seguir uma rotina diária e repetitiva de atividades,
normalmente sem um propósito concreto, tornando-a um
absurdo. (https://www.significados.com.br/trabalho-de-sisifo/).
Ainda conforme Bogo, “com a demora em surgir a nova onda de ascenso, muitas
entidades historicamente respeitadas se burocratizam, se atrasam ideologicamente e
perdem a noção dos desafios estratégicos, tornando-se conservadoras na linguagem e
desatualizada no conteúdo político”. (pág. 11-12).
No livro de Emir Sader, Século XX uma biografia não autorizada, publicado pela
Editora Perseu Abramo, 2ª edição - 2010, ele afirma que “O século XX se anunciava como
o século do socialismo e termina com a consolidação da hegemonia do capitalismo, e em
sua forma mais selvagem: ideologia norte-americana, neoliberalismo econômico, dominação
do capital especulativo, do consumismo, do egoísmo, da predação ambiental”. Que século
foi esse, então, que combinou desenvolvimento tecnológico com concentração de renda,
enfraquecimento dos laços da sociabilidade, com hegemonia dos grandes meios de
comunicação de massa de caráter monopolista? Nessa obra, Emir Sader analisa em
profundidade essas questões, retomando conceitos e ideias que permitem uma abrangente
compreensão do “século do imperialismo”.
Já o início do XXl o mesmo está marcado pelo avanço de forças reacionárias, fome
alarmante no continente africano e em várias partes do mundo, além do cerceamento
(ideológico, econômico, militar) de países nas Américas que tentam romper com a lógica
capitalista que nos condena à pobreza e dominação desde os tempos da colonização.
No Brasil não é diferente, pois, com os avanços e poucas conquistas que
lutamos durante décadas, estão sendo destruídas por este governo, que se apoia nas
instituições mantenedoras da ordem positivista do estado burguês. Ordem para quem?
Progresso para quantos?
A sinalização da intervenção militar no Rio de janeiro, como disse os representantes
do Exército, é um laboratório para o restante do país. Portanto, estamos num momento de
retrocesso e descenso da classe, com a esquerda fragmentada que em nada se renova,
tendo como ponto de apoio as entidades e partidos que por anos pactuaram com a
burguesia, cuja herança é o mesmo poder existente dominador das elites que sempre se
serviram do Estado brasileiro para perpetuar seus privilégios e “negócios”.
Achar que somente um partido, que esteve no poder recentemente, foi o criador das
práticas de corrupção no Brasil é muita ingenuidade, ou uma atitude de má fé para desviar
a atenção da população das causas estruturais e endêmicas que corroem a nação brasileira
há muitas décadas, senão séculos! E se a questão é política, não será o Poder Judiciário,
com seus juízes e desembargadores apinhados de privilégios e/ou o Ministério Público que
irão acabar com a corrupção no país, agindo como savonarolas da pós-modernidade!
Somente intervenções políticas transformam a Política!
 No âmbito da educação, além da reforma do Ensino médio e da desestruturação da
educação pública no Brasil em todas as esferas, a Base Nacional Comum Curricular deve
ser publicada em breve, trazendo apenas a Matemática e a Língua Portuguesa como
disciplinas formais e obrigatórias; as demais disciplinas ficarão condenadas ao ostracismo e
segregadas pelos governantes aliados dos grandes grupos empresariais de educação e sua
lógica neotecnicista e de mercado. Ora, para nós a educação de qualidade não é
mercadoria, mas um direito de todas as crianças e jovens brasileiros.
 Nossos desafios são monumentais e vai precisar ter muita ousadia para continuar
lutando contra este estado de coisas. Precisamos arrancar das lições do passado a memória
revolucionária, fazer o enfrentamento no presente e resgatar a poesia e a utopia perene de
nossas lutas. Não podemos ceder ao pessimismo e derrotismo dos sísifos atuais que nos
paralisam e nos matam.
A filosofia tem um papel fundamental nesta narrativa e no contexto que nos faz
compreender criticamente a realidade e suas interpretações, assim com as ciências
humanas e demais excluídas da Base Nacional Comum. Precisamos reunir as excluídas
urgentemente para pressionar o MEC através dos governos dos estados a fim de que
possamos sobreviver a este tsunami político-educacional conservador e reacionário.
Por fim, neste mês das mulheres, é fundamental nosso compromisso com a
conscientização da sociedade em que vivemos, onde ainda impera o machismo, as
atrocidades contra as mulheres e o feminicídio naturalizado.
Precisamos também aprofundar o debate teórico dos clássicos a partir de uma leitura
da sociedade dividida em classes antagônicas, sendo que a felicidade humana não existirá
sem o fim do capitalismo que explora, oprime e mata, desde o início e no mundo inteiro, os
que vivem do trabalho e teimam em sobreviver mesmo quando o próprio direito ao trabalho
lhes é tirado. “E sem o seu trabalho o Homem não tem honra e sem a sua honra se morre,
mata, não dá pra ser feliz” (Gonzaguinha).

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*Aldo Santos é presidente da APROFFIB - Associação dos Professores de Filosofia e Filósofos
do Brasil; vice-presidente da APROFFESP; coordenador da subsede da APEOESP - São
Bernardo do Campo, SP.
*Colaboração: Chico Gretter, presidente da APROFFESP, conselheiro estadual da APEOESP,
professor de Filosofia da rede estadual, mestre em Filosofia e História da Educação.


terça-feira, 24 de abril de 2018

Livro: III Encontro Estadual de Filosofia


Em breve Teremos Edição Impressa do nosso Livro, para conferir a versão digital é clicar no link abaixo e seguir as instruções. 

http://www.dialogicaeditora.com.br/aproffesp

NOTA DA APROFFESP ESTADUAL: 1º de Maio de Resistência e Luta


Chamado para o 1º de maio dia de resistência e luta
em defesa do trabalho docente dos/as professores/as de filosofia

"Trabalhadores do mundouni-vos!"
Karl Marx



  A verdade dos senhores da guerra e seus impérios O povo cubano, sob o comando dos revolucionários de Serra Maestra, se insurgiu contra o d...