quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Pesquisador afirma que estrutura das escolas adoece professores

Para historiador da USP, sociedade critica todos os aspectos do cotidiano escolar, mas se esforça para mantê-los da mesma forma. Ele propõe discutir o “rompimento” das estruturas
Priscilla Borges - iG Brasília 

“O ambiente escolar me dá fobia, taquicardia, ânsia de vômito. Até os enfeites das paredes me dão nervoso. E eu era a pessoa que mais gostava de enfeitar a escola. Cheguei a um ponto que não conseguia ajudar nem a minha filha ou ficar sozinha com ela. Eu não conseguia me sentir responsável por nenhuma criança. E eu sempre tive muita paciência, mas me esgotei.”

O relato é da professora Luciana Damasceno Gonçalves, de 39 anos. Pedagoga, especialista em psicopedagogia há 15 anos, Luciana é um exemplo entre milhares de professores que, todos os dias e há anos, se afastam das salas de aula e desistem da profissão por terem adoecido em suas rotinas.

Para o pesquisador Danilo Ferreira de Camargo, o adoecimento desses profissionais mostra o quanto o cotidiano de professores e alunos nos colégios é “insuportável”. “Eles revelam, mesmo que de forma oblíqua e trágica, o contraste entre as abstrações de nossas utopias pedagógicas e a prática muitas vezes intolerável do cotidiano escolar”, afirma.


O tema foi estudado pelo historiador por quatro anos, durante mestrado na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). Na dissertação O abolicionismo escolar: reflexões a partir do adoecimento e da deserção dos professores , Camargo analisou mais de 60 trabalhos acadêmicos que tratavam do adoecimento de professores.

Camargo percebeu que a “epidemia” de doenças ocupacionais dos docentes foi estudada sempre sob o ponto de vista médico. “Tentei mapear o problema do adoecimento e da deserção dos professores não pela via da vitimização, mas pela forma como esses problemas estão ligados à forma naturalizada e invariável da forma escolar na modernidade”, diz.


Luciana começou a adoecer em 2007 e está há dois anos afastada. Espera não ser colocada de volta em um colégio. “Tenho um laudo dizendo que eu não conseguiria mais trabalhar em escola. Eu não sei o que vão fazer comigo. Mas, como essa não é uma doença visível, sou discriminada”, conta. A professora critica a falta de apoio para os docentes nas escolas.

“Me sentia remando contra a maré. Eu gostava do que fazia, era boa profissional, mas não conseguia mudar o que estava errado. A escola ficou ultrapassada, não atrai os alunos. Eles só estão lá por obrigação e os pais delegam todas as responsabilidades de educar os filhos à escola. Tudo isso me angustiava muito”, diz.

Viver sem escola: é possível?

Orientado pelo professor Julio Roberto Groppa Aquino, com base nas análises de Michel Foucault sobre as instituições disciplinares e os jogos de poder e resistência, Camargo questiona a existência das escolas como instituição inabalável. A discussão proposta por ele trata de um novo olhar sobre a educação, um conceito chamado abolicionismo escolar.

“Criticamos quase tudo na escola (alunos, professores, conteúdos, gestores, políticos) e, ao mesmo tempo, desejamos mais escolas, mais professores, mais alunos, mais conteúdos e disciplinas. Nenhuma reforma modificou a rotina do cotidiano escolar: todos os dias, uma legião de crianças é confinada por algumas (ou muitas) horas em salas de aula sob a supervisão de um professor para que possam ocupar o tempo e aprender alguma coisa, pouco importa a variação moral dos conteúdos e das estratégias didático-metodológicas de ensino”, pondera.


Ele ressalta que essa “não é mais uma agenda política para trazer salvação definitiva” aos problemas escolares. É uma crítica às inúmeras tentativas de reformular a escola, mantendo-a da mesma forma. “A minha questão é outra: será possível não mais tentar resolver os problemas da escola, mas compreender a existência da escola como um grave problema político?”, provoca.

Na opinião do pesquisador, “as mazelas da escola são rentáveis e parecem se proliferar na mesma medida em que proliferam diagnósticos e prognósticos para uma possível cura”.

Problemas partilhados

Suzimeri Almeida da Silva, 44 anos, se tornou professora de Ciências e Biologia em 1990. Em 2011, no entanto, chegou ao seu limite. Hoje, conseguiu ser realocada em um laboratório de ciências. “Se eu for obrigada a voltar para uma sala de aula, não vou dar conta. Não tenho mais estrutura psiquiátrica para isso”, conta a carioca.

Leia série sobre formação de docentes: Professores não são preparados para ensinar

Ela concorda que a estrutura escolar adoece os profissionais. Além das doenças físicas – ela desenvolveu rinite alérgica por causa do giz e inúmeros calos nas cordas vocais –, Suzimeri diz que o ambiente provoca doenças psicológicas. Ela, que cuida de uma depressão, também reclama da falta de apoio das famílias e dos gestores aos professores.

“O professor é culpado de tudo, não é valorizado. Muitas crianças chegam cheias de problemas emocionais, sociais. Você vê tudo errado, quer ajudar, mas não consegue. Eu pensava: eu não sou psicóloga, não sou assistente social. O que eu estou fazendo aqui?”, lamenta.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

A IRA - “A ira é a mais terrível e furiosa das emoções”.


(Lúcio Aneu Sêneca, filósofo romano, 4. a. C. – 65 d. C.)

Professor Ivo Lima
é um dos colaboradores do blog
   
Nosso dia a dia da vida moderna parece mais um furacão que atropela quem cruza o seu caminho, joga tudo por terra. Principalmente para quem vive nos grandes centros urbanos, que passa horas nos engarrafamentos, repleto de motoristas barbeiros, apressados, estressados, afeitos ao descontrole, caindo na mala dos xingamentos, quando não em agressões físicas que, às vezes, terminam com vítimas fatais. 

Mas, quando os simples mortais querem fugir desse caos aqui na terra e vão adquirir suas passagens nos aeroportos do país, deparam-se com uma tragédia que há muito tempo estava sendo anunciada, uma vez que nosso sistema aéreo vive uma crise sem precedentes e esse quadro teima em permanecer dando as cartas, apesar dos esforços de algumas autoridades, que procuram resolver essa situação o mais rápido possível. 

Nessa arena quente feito brasa aflora a raiva como uma cão feroz e, por mais que se tente acalmar e manter o controle da situação, é um dragão que vocifera e quer quebrar tudo pela frente. 

Mas como se controlar diante dessa realidade apontada acima? 

Pensando numa resposta filosófica para o assunto, encontrei no pensador de Córdoba-Espanha, Sêneca, em sua obra “Da ira”, uma reflexão que nos aponta uma saída. 

Um primeiro aspecto que o filósofo aponta é o fato de as pessoas acostumarem-se a ser muito otimistas sobre os fatos e não se prepararem para aquilo que pode dar errado. Seria adotar uma posição conformista? Não, responde Sêneca, e argumenta: “As coisas não têm que ser, necessariamente, como esperamos que elas sejam”. Porém, é preciso ter claro aquilo que podemos mudar e o que não está ao alcance alterar. Nesse sentido, levamos uma grande vantagem em relação a outros animais, porque temos a “razão” e a “liberdade” para agir, mudar a realidade ou fazermos uma “reflexão diária” sobre o que pode dar errado e nos prepararmos melhor para enfrentá-la. Com isso a única maneira de nos protegermos contra as adversidades é nos prepararmos psicologicamente para o que pode dar errado. 

Mas isso não levaria as pessoas a se eximirem de suas responsabilidades em situações como as que escolhemos para exemplificar esse tema? Segundo a ótica de Sêneca, não. Mas não é demais alertar para esse perigo. 

Por outro lado, se diante de uma realidade muito difícil nos disser “vai ficar tudo bem”, não seria pior do que nos preparar para o que, de fato, pode ocorrer? Seguindo as pegadas desse filósofo, embora essa afirmação, a princípio, pareça trazer conforto, não livra a pessoa daquilo que realmente pode ocorrer. E, aí, a surpresa pode acarretar fúria, porque teremos a sensação de que incorremos em injustiças e ninguém nos alertou devidamente. 

Disso, podemos concluir que a forma como procuramos encarar as adversidades faz toda diferença, para que não criemos expectativas em demasia, porque de acordo com a tese de Sêneca, é preferível optar pelo pessimismo. 

Isso n ao quer dizer lavar as mãos diante das possibilidades que temos para mudar as situações que estão ao nosso alcance, mas não querer alterar coisas que não dependem só de nós e sofrermos por antecipação. 

Será isso realmente possível, por exemplo, num engarrafamento quilométrico nos centros urbanos? 

Por incrível que pareça, num desse grandes congestionamentos, um dia, presenciei duas cenas completamente opostas: de um lado, um motorista que esbravejava feito um leão sobre o trânsito que não fluía de jeito nenhum, num sol abrasador; bem próximo dele, um senhor que ao som de uma música dos anos 60, em alto volume, cantava, pulava, gesticulava e parecia rir da própria desgraça. 

Fiquei pensando: será que ele leu Sêneca?


Ivo Lima
Professor de Filosofia e escritor
Autor dos livros: O recheio que faltava em sua vida
A direção da VIDA
Membro da Associação dos professores de filosofia e filósofos do Estado de São Paulo - APROFFESP
E-mal: ivolimasantos@yahoo.com.br

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Relato da reunião da APROFFESP em 02 de fevereiro de 2013


 Estavam presentes Aldo Santos, José Carlos, Anísio, Djamila, Nayara, Diógenes, Chico Gretter, Marcos (Leste 1), Ivo e Hugo. 
1. Foi Entregue a implementação estatutária da APROFFESP.
2. Informes:
a. Hugo: Congresso de Filosofia da Libertação
i. Congresso Mundial de Filosofia
1. APROFFESP e APROFFIB Apoiam
b. Anísio: Ato em defesa de Dom Pedro Casaldáliga e do povo Xavante: 07/02 às 19h, almoço beneficente com população de rua 16/02. 
c. Djamila: organização do Sophia, semana de filosofia da UNIFESP (Guarulhos). Propõe que alguém da APROFFESP participe. Aprovado. Talvez estará no Congresso Mundial.
d. Chico Gretter: Caderno de filosofia editora escala. 
i. Ivo: fez avaliação do caderno e enviou 
e. Aldo: Editora Ideias e letras. Quer apresentar catálogo sobre material de filosofia. 
f. Hugo: Ensino Integral sem filosofia e sociologia. Aldo disse que o ensino técnico também não tem filosofia e sociologia. Aldo: marcar reunião com Palma. Além disso, APEOESP torne público todo o material do encontro que ocorreu no Anhembi é uma agressão à categoria.
g. Nayara: A filosofia e sociologia (e geografia) no Ensino Médio apenas uma aula, no noturno. Mas os alunos tem direito a ter no mínimo 2 aulas. Temos que ficar espertos com a reforma do Ensino médio, que está em implantação. Hugo: Querem acabar no ensino médio noturno, deixar só EJA.
h. Diógenes: O treinamento com os PCNPs, já está neste viés da reforma do ensino médio. Não é algo abstrato, mas que está em implantação.
i. Aldo Santos: 
i. Precisamos trabalhar o calendário da APROFFESP. Propõe que as reuniões regionais sejam no dia 08/03. Eleição das coordenações regionais no Estado. E seja discutida e/ou implantada a alteração estatutária. 
1. 17/05 A segunda
2. 16/08.
3. 18/10. 
ii. No dia da reunião do R.E. da APEOESP, trabalhar o abaixo assinado da filosofia no ensino fundamental, para entregarmos na reunião com o Palma. Que o Giannazi paute na TV Assembleia um programa para que debatamos o projeto da filosofia no ensino fundamental.
iii. Marcar uma reunião este mês da APROFFIB: Fazer o convite. Pauta: Encontro nacional da Filosofia da Libertação e organização nacional. 
j. José Carlos: divulgar e avisar o abaixo assinado da filosofia no ensino fundamental. 
k. Chico Gretter: Artigo do Ghiraldelli sobre reforma do ensino médio, parece coerente. 

3. Apresentações. 
4. Revista da APROFFESP: 
a. Aldo: na última reunião, decidimos marcar esta reunião. 
b. José Carlos: objetivo da revista: 
i. Não podemos ficar só no teórico. É necessário que possamos dividir os papeis para a revista. O empenho de se trazer algo construído para servir de proposta. O objetivo da revista: trouxe uma proposta, que é um caminho possível. 
c. Chico: Objetivo: Uma revista feita pelo e para os professores de filosofia, com espaço para publicação para trabalhos de alunos do ensino médio. Há muita produção de professores, que não são devidamente aproveitadas. A revista será um espaço para este melhor proveito de troca de experiências. Estamos no momento da didática. Uma maior inserção na mídia para alunos, inclusive. 
d. Hugo: a necessidade de um mínimo reconhecimento acadêmico ISSN.
e. Ivo: A importância de um espaço para este fim. 
f. Marcos: A importância do espaço para junção da didática com a teoria e aplicação em sala de aula. 
5. Nomes: 
a. Chico: Filosofia em ação. Argumentou sobre este nome. 
b. José: Filosofia laica. Argumentou em defesa.
c. Ivo: Pensar e transformar. 
d. Diógenes: Juntar o do Chico e do Ivo. 
e. Anísio: Defendeu filosofia e ação.
f. Marcos: é necessário um nome chamativo, que chame à atenção. 
g. Aldo: Sinalizou a possibilidade de: Filosofia em transformação. 
i. Chegou-se ao consenso de Filosofia em transformação, colocando-se em evidência a palavra ação. 
6. Apresentação da Revista: 
a. José: 
i. É necessária a organização. Trouxe uma proposta para organização. 
ii. É necessário organizar, primeiro, as funções.
iii. Editores, revisores, redação, diagramação, fotografia, comercial. 
iv. Aldo: penso que possamos pensar três momentos: edição (editoração e revisão), diagramação (e foto) e divulgação. 
v. Anísio: Defendeu que é necessário uma estruturação mínima para desenvolver uma revista com qualidade. Pois se iniciarmos sem ela é possível que o projeto morra rapidamente. 
vi. Chico: no momento, pensarmos a estrutura mínima para a online, depois, a em papel. 
vii. Marcos: é possível que a revista torne-se mais um blog de filosofia. É necessário que tenha ao menos um editor profissional. 
viii. Nayara: É necessário que tenha uma periodicidade definida. De repente, fazer uma edição especial par divulgar a produção do congresso. 
ix. Aldo: criar um Email para edição: os editores leem e mandam para (Hugo, Aldo e Chico) revisão (Chico, Djamila e Marcos), Divulgação: José Carlos, Ivo e Anísio. Diagramação (José Carlos, Alan e Junior).
x. Número de Páginas: de 20 a 25. 
b. José Carlos: Verificar a questão da marca do nome: Revista em transformação e ISSN. Hugo faz.
c. Lançamento da revista na primeira reunião regional. 
7. Cobrar as contribuições da APROFFESP. Os coordenadores regionais, devem dar exemplo no pagamento. 
8. Marcos pede esclarecimento para criar regional na leste 1. Faremos reunião nas regionais para auxiliar neste início de processo.

As "charter schools"

Este artigo é uma reprodução do blog http://bogdopaulinho.blogspot.com.br/

As "charter schools" são escolas públicas financiadas pelo setor público e privado que têm maior autonomia em relação às escolas públicas tradicionais. Trata-se de um modelo de gestão compartilhada instituído por um contrato ("charter") entre o governo e uma instituição privada. Em troca dessa autonomia, as escolas "charter" devem atingir as metas estabelecidas no contrato que as instituiu. Nos EUA, devido ao elevado número de alunos que pleiteiam um número restrito de vagas, a distribuição é feita por meio de sorteio.

Muito bem, agora que você já entendeu o que vem a ser as escolas charter, vamos a uma análise bem rasteira, para que visualizemos para onde caminha a educação pública no Brasil, em especial no Estado de S. Paulo, com duas décadas de tucanato no ninho, fazendo lambanças educacionais, não por acaso, mas com objetivos de demonte mesmo.

O Brasil, de modo geral, é pródigo em "testar" modelos de políticas públicas, que já foram largamente testadas em outros países (não deram certo), mas no entanto, insiste-se em aplicá-las aqui, pois somos um povo bonachão e cordato, e assim ficamos sempre como laboratório de experimentos falidos, dentro da perspectiva do "quem sabe dá certo?".

Como funciona a tal escola charter?

Uma entidade qualquer, que pode ser uma ONG, ou uma fundação, apresenta um projeto, dentro de regras pré-estabelecidas pelo MEC (Ministério da Educação)- para administrar uma ou mais escolas públicas, bem como a secretaria de educação da área que a abrange. É assinado um contrato onde cláusulas deixam claras as propostas pedagógicas, e assume metas que deverão ser atingidas, ou a entidade responde pelo não cumprimentos dessas metas, tudo isso, pautado pelas regras do MEC.

Esse blogueiro disconfia da proposta, pois um dos entusiastas da escola charter é o jornalista da Folha de S. Paulo - Gilberto Dimenstein - tucanão de carteirinha, que não poupa elogios ao modelo de escola norte americano - leia aqui- a matéria escrita por ele, sob o título: "A escola que está virando um jardim" - onde é a escola? Claro, na Vila Madalena, bairro classe média ascedente em S. Paulo, onde o jornalista toca sua ONG, Projeto Aprendiz.

O velho jornalista, defende sempre em sua coluna na Folha, e na rádio CBN, que com as chamadas "PPPs" (Parcerias Público Privadas), na educação, seria por assim dizer, uma "panacéia" - dando solução aos mais variados problemas que a sociedade enfrenta. Ele sequer disfarça no uso do termo "funcionar como laboratório" para a concepção e validação de tecnologias sociais. E nesse pacote que a princípio parece "singelo" - ele enfia as escolas públicas, que é tudo que os tucanos sonham, que é privatizar a rede pública estadual, com suas 6.500 escolas.

Para aqueles que acham que essa tal escolar charter e uma novidade no Brasil, esse blogueiro, especialista em nada, sente decepcioná-los, mas já existem parcerias em pleno andamento, em Minas Gerais, Rio Grande do Sul, em 42 escolas, e também em Pernambuco, deste 2004, portanto, o tal "laboratório" a que tanto se refere Dimenstein, já deve apresentar resultados, que pouco se ouve falar, mas que estão sendo analisados com muito carinho, para que o golpe seja certeiro. Leiam AQUI, matéria de março/2011, entrevista, com Maria Carolina Nogueira Dias e Patricia Mota Guedes, especialistas em gestão educacional da Fundação Itaú Social, duas entusiastas de escola charter, dando conta das experiências citadas.

Para aqueles da minha geração, que estão todos com mais de meio século, onde no nosso tempo, o termo "dar um tapa na peteca - era tão somente um jogo de praia", e hoje, virou o que virou, um aviso, em especial aos professores da rede pública de educação de S. Paulo, com aproximadamente 250 mil educadores: O sonho de consumo de Geraldo Alckmin e toda sua trupe, é montar PPPs, com as tais escolas charter em todo o Estado, não por acaso toda negociação, com a SEE-SP, vira uma batalha jurídica, como por exemplo, o cumprimento da Lei do Piso Nacional para Professores, isso quando não vira uma luta campal, onde a polícia é quem decide.

Que Deus nos acuda!!! Mas vamos botar as barbas de molho, porque alguma novidade esta se desenhando num horizonte não muito distante.

Seria bom, que professores da rede pública, procurassem suas lideranças políticas, afim de cobrar uma posição à respeito deste assunto, onde cada ano o cerco se aperta, sem que se saiba exatamente aquilo que virá por aí.
Posted 2nd February 2012 by Paulo Cavalcanti

Resolução SE nº 05 que altera a resolução SE-93

Resolução SE nº 05, de 28-1-2011

Altera a Resolução SE-93, de 12 de dezembro de 2008, que estabelece diretrizes para a reorganização curricular do ensino fundamental nas Escolas de Tempo Integral, e dá providências correlatas

O Secretário da Educação, à vista do que lhe representou a Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas, Resolve:

Art. 1º - Os artigos 4º e 6º da Resolução SE-93, de 12.12.2008, alterados pela Resolução SE-7, de 22.1.2010, passam a ter a seguinte redação:

I – o artigo 4º:

“Art. 4º - A atribuição das classes e aulas da Escola de Tempo Integral far-se-á na seguinte conformidade:

I - para as disciplinas do currículo básico dos dois segmentos/ciclos do Ensino Fundamental, observadas as disposições da legislação referente ao processo anual de atribuição de classes e aulas, na unidade escolar, e em nível de Diretoria de Ensino, se necessário;

II - para as atividades das Oficinas Curriculares, pela equipe gestora, assistida pelo Supervisor de Ensino da unidade escolar, a docentes e/ou a candidatos à admissão, devidamente inscritos e classificados para o processo regular de atribuição de classes e aulas, que tenham efetuado, paralelamente, inscrição específica para participar do processo seletivo referente ao projeto Escola de Tempo Integral;

III - observadas as habilitações docentes definidas no artigo 5º desta resolução, constituem-se componentes do processo seletivo, objeto da inscrição paralela na unidade escolar, de que trata o inciso anterior:

a) o atendimento integral ao perfil exigido pelas características e especificidades de cada oficina curricular a ser atribuída;

b) a análise, pela equipe gestora, do currículo do candidato, avaliando as ações de capacitação vivenciadas, o histórico das experiências bem sucedidas, quando for o caso, a pertinência e a qualidade da proposta de trabalho apresentada e os resultados da entrevista individual por ela realizada.

§ 1º - Após a seleção e a atribuição das aulas das Oficinas Curriculares, a equipe gestora expedirá termo provisório de atribuição, a ser entregue ao docente/candidato, e a relação nominal de todos os contemplados no processo seletivo, com as respectivas cargas horárias, a ser enviada à Diretoria de Ensino, para ciência e ratificação no processo regular de atribuição de classes e aulas.

§ 2º - Sem detrimento à aplicação do disposto nos incisos II e III deste artigo, as aulas das Oficinas Curriculares poderão ser atribuídas a docentes titulares de cargo como carga suplementar de trabalho, exclusivamente.

§ 3º - No decorrer do ano letivo, o docente que, por qualquer motivo, deixar de corresponder às expectativas do desenvolvimento das atividades da oficina curricular, cujas aulas lhe tenham sido atribuídas, perderá, a qualquer tempo, essas aulas.” (NR)

II – o artigo 6º:

“Art. 6º - Para o professor, ao qual se tenham atribuído aulas de Oficina Curricular da Escola de Tempo Integral, que comportam substituição docente, por qualquer período, são assegurados os mesmos benefícios/vantagens a que fazem jus os seus pares docentes no ensino regular, observadas as normas legais pertinentes, exceto a possibilidade de afastamento das referidas aulas para exercer qualquer outro tipo de atividade ou prestação de serviços.

Parágrafo único - Aplicam-se ao docente, de que trata este artigo, as disposições da legislação específica do processo de atribuição de classes, turmas, aulas de Projetos da Pasta e modalidades de ensino, bem como as da legislação referente ao processo regular de atribuição de classes e aulas.” (NR)

Art. 2º - Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário, em especial a Resolução SE-7, de 22.1.2010.

Notas:
Altera a Res. SE nº 93/08, à pág. 212 do vol. LXVI;
Revoga a Res. SE nº 07/10, à pág. 109 do vol. LXIX.
Revogada pela Res. SE nº 05/12.

Escolas de tempo integral do estado de São Paulo terão novo currículo

Não haverá mais aulas de Ciências, História e Geografia nos três primeiros anos do Ensino Fundamental; mudança recebe críticas de especialistas
Por Paulo Saldaña, do Estadão

As escolas de ensino fundamental de tempo integral do Estado de São Paulo vão passar pela primeira reformulação curricular. Com a ideia de fortalecer o aprendizado de língua portuguesa e matemática, a nova diretriz acabou, nessas escolas, com o ensino de história, geografia e ciências nos três primeiros anos.

A nova diretriz vale para as 297 unidades que já estavam no programa desde 2006 e exclui as 21 escolas que não migraram para o novo modelo de ensino integral – criado em 2012 para o ensino médio e estendido para o fundamental neste ano.

Assim, até o 3.º ano do fundamental, os alunos dessas 297 unidades não terão aulas de ciências físicas e biológicas, história e geografia – mesmo ficando na escola ao menos por 8 horas. Até ano passado, havia sete aulas semanais dessas disciplinas.

Por outro lado, os alunos dessas escolas terão 15 aulas de língua portuguesa por semana no 1.º e 2.º anos (respondendo por 60% da carga semanal). O restante será ocupado por matemática, com 6 aulas (25% da carga semanal), e educação física/arte, com 4 aulas. No 3.º ano, sobe a carga de matemática (para 40% ) e cai a de língua portuguesa (para 35%). Só nos 4.º e 5.º anos os alunos passarão a aprender ciências, história e geografia, o equivalente a 7 aulas.

A Secretaria de Educação argumenta que “o objetivo é tornar o currículo mais atraente”. As alterações são resultado, segundo a pasta, de processo que começou em 2011 e contou com a colaboração de dirigentes e supervisores.

A professora Maria Izabel Noronha, Bebel, presidente da Apeoesp, sindicato da categoria, critica as mudanças. “Tem de haver um fortalecimento em português e matemática, mas não retirar totalmente outras disciplinas. As crianças precisam ter acesso ao conhecimento geral, senão a escola fica só para habilitar”, diz. “Até questões de higiene vêm com essas disciplinas.”

A consultora em educação Ilona Becskehazy também estranhou as mudanças. “Não faz sentido. A tendência mundial tem sido trazer a reflexão científica para o 1.º ano”, afirma.

Nos anos finais do fundamental (do 6.º ao 9.º ano), as disciplinas de ciências humanas (história e geografia) ganham mais aulas do que ocorria até o ano passado – matemática também teve reforço na carga, que aumentou.

A diretriz descreve agora dois modelos de carga horária, de 40 e 45 horas semanais. Além do currículo normal, estão previstas atividades complementares e oficinas. O governo quer que a nova diretriz promova uma integração maior entre disciplinas básicas e oficinas. Nesse último grupo, entram educação financeira e sexualidade e some, por exemplo, filosofia. No total, existem agora dez oficinas curriculares, que podem ser adotadas pelas escolas.

As oficinas vão de atividades artísticas e esportivas, que já eram previstas anteriormente, às novas educação financeira, para o trânsito, étnico-raciais e direitos humanos. Nos anos iniciais, as escolas deverão ter pelo menos oito das dez oficinas e nos finais, pelo menos seis.

Serão obrigatórias atividades de hora da leitura, produção de texto, experiências matemáticas e língua estrangeira – como já ocorria antes. Nos anos finais, também serão obrigatórias oficinas de orientação de estudos.

O governo assegura que terá professores suficientes para atender às demandas, até para as oficinas mais específicas. “Há professores já formados e outros que deverão passar por formação”, afirma a secretaria.

A escola que está virando um jardim

Mara Rocha
Esse blogueiro desconfia da proposta, pois um dos entusiastas da escola charter é o jornalista da Folha de S. Paulo - Gilberto Dimenstein - tucanão de carteirinha, que não poupa elogios ao modelo de escola norte americano - leia aqui - a matéria escrita por ele, sob o título: "A escola que está virando um jardim" - onde é a escola? Claro, na Vila Madalena, bairro classe média ascendente em S. Paulo, onde o jornalista toca sua ONG, Projeto Aprendiz.

O velho jornalista, defende sempre em sua coluna na Folha, e na rádio CBN, que com as chamadas "PPPs" (Parcerias Público Privadas), na educação, seria por assim dizer, uma "panaceia" - dando solução aos mais variados problemas que a sociedade enfrenta. Ele sequer disfarça no uso do termo "funcionar como laboratório" para a concepção e validação de tecnologias sociais. E nesse pacote que a princípio parece "singelo" - ele enfia as escolas públicas, que é tudo que os tucanos sonham, que é privatizar a rede pública estadual, com suas 6.500 escolas.

Para aqueles que acham que essa tal escolar charter e uma novidade no Brasil, esse blogueiro, especialista em nada, sente decepcioná-los, mas já existem parcerias em pleno andamento, em Minas Gerais, Rio Grande do Sul, em 42 escolas, e também em Pernambuco, deste 2004, portanto, o tal "laboratório" a que tanto se refere Dimenstein, já deve apresentar resultados, que pouco se ouve falar, mas que estão sendo analisados com muito carinho, para que o golpe seja certeiro. Leiam AQUI, matéria de março/2011, entrevista, com Maria Carolina Nogueira Dias e Patricia Mota Guedes, especialistas em gestão educacional da Fundação Itaú Social, duas entusiastas de escola charter, dando conta das experiências citadas.

Para aqueles da minha geração, que estão todos com mais de meio século, onde no nosso tempo, o termo "dar um tapa na peteca - era tão somente um jogo de praia", e hoje, virou o que virou, um aviso, em especial aos professores da rede pública de educação de S. Paulo, com aproximadamente 250 mil educadores: O sonho de consumo de Geraldo Alckmin e toda sua trupe, é montar PPPs, com as tais escolas charter em todo o Estado, não por acaso toda negociação, com a SEE-SP, vira uma batalha jurídica, como por exemplo, o cumprimento da Lei do Piso Nacional para Professores, isso quando não vira uma luta campal, onde a polícia é quem decide.

Que Deus nos acuda!!! Mas vamos botar as barbas de molho, porque alguma novidade esta se desenhando num horizonte não muito distante.http://bogdopaulinho.blogspot.com.br/2012/02/privatizacao-da-educacao-publica.html
PRIVATIZAÇÃO DA ESCOLA PÚBLICA - "Escola charter" | Blog do Paulinho
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Escrito por Mara Rocha

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