Este artigo é uma reprodução do blog http://bogdopaulinho.blogspot.com.br/
As "charter schools" são escolas públicas financiadas pelo setor público e privado que têm maior autonomia em relação às escolas públicas tradicionais. Trata-se de um modelo de gestão compartilhada instituído por um contrato ("charter") entre o governo e uma instituição privada. Em troca dessa autonomia, as escolas "charter" devem atingir as metas estabelecidas no contrato que as instituiu. Nos EUA, devido ao elevado número de alunos que pleiteiam um número restrito de vagas, a distribuição é feita por meio de sorteio.
Muito bem, agora que você já entendeu o que vem a ser as escolas charter, vamos a uma análise bem rasteira, para que visualizemos para onde caminha a educação pública no Brasil, em especial no Estado de S. Paulo, com duas décadas de tucanato no ninho, fazendo lambanças educacionais, não por acaso, mas com objetivos de demonte mesmo.
O Brasil, de modo geral, é pródigo em "testar" modelos de políticas públicas, que já foram largamente testadas em outros países (não deram certo), mas no entanto, insiste-se em aplicá-las aqui, pois somos um povo bonachão e cordato, e assim ficamos sempre como laboratório de experimentos falidos, dentro da perspectiva do "quem sabe dá certo?".
Como funciona a tal escola charter?
Uma entidade qualquer, que pode ser uma ONG, ou uma fundação, apresenta um projeto, dentro de regras pré-estabelecidas pelo MEC (Ministério da Educação)- para administrar uma ou mais escolas públicas, bem como a secretaria de educação da área que a abrange. É assinado um contrato onde cláusulas deixam claras as propostas pedagógicas, e assume metas que deverão ser atingidas, ou a entidade responde pelo não cumprimentos dessas metas, tudo isso, pautado pelas regras do MEC.
Esse blogueiro disconfia da proposta, pois um dos entusiastas da escola charter é o jornalista da Folha de S. Paulo - Gilberto Dimenstein - tucanão de carteirinha, que não poupa elogios ao modelo de escola norte americano - leia aqui- a matéria escrita por ele, sob o título: "A escola que está virando um jardim" - onde é a escola? Claro, na Vila Madalena, bairro classe média ascedente em S. Paulo, onde o jornalista toca sua ONG, Projeto Aprendiz.
O velho jornalista, defende sempre em sua coluna na Folha, e na rádio CBN, que com as chamadas "PPPs" (Parcerias Público Privadas), na educação, seria por assim dizer, uma "panacéia" - dando solução aos mais variados problemas que a sociedade enfrenta. Ele sequer disfarça no uso do termo "funcionar como laboratório" para a concepção e validação de tecnologias sociais. E nesse pacote que a princípio parece "singelo" - ele enfia as escolas públicas, que é tudo que os tucanos sonham, que é privatizar a rede pública estadual, com suas 6.500 escolas.
Para aqueles que acham que essa tal escolar charter e uma novidade no Brasil, esse blogueiro, especialista em nada, sente decepcioná-los, mas já existem parcerias em pleno andamento, em Minas Gerais, Rio Grande do Sul, em 42 escolas, e também em Pernambuco, deste 2004, portanto, o tal "laboratório" a que tanto se refere Dimenstein, já deve apresentar resultados, que pouco se ouve falar, mas que estão sendo analisados com muito carinho, para que o golpe seja certeiro. Leiam AQUI, matéria de março/2011, entrevista, com Maria Carolina Nogueira Dias e Patricia Mota Guedes, especialistas em gestão educacional da Fundação Itaú Social, duas entusiastas de escola charter, dando conta das experiências citadas.
Para aqueles da minha geração, que estão todos com mais de meio século, onde no nosso tempo, o termo "dar um tapa na peteca - era tão somente um jogo de praia", e hoje, virou o que virou, um aviso, em especial aos professores da rede pública de educação de S. Paulo, com aproximadamente 250 mil educadores: O sonho de consumo de Geraldo Alckmin e toda sua trupe, é montar PPPs, com as tais escolas charter em todo o Estado, não por acaso toda negociação, com a SEE-SP, vira uma batalha jurídica, como por exemplo, o cumprimento da Lei do Piso Nacional para Professores, isso quando não vira uma luta campal, onde a polícia é quem decide.
Que Deus nos acuda!!! Mas vamos botar as barbas de molho, porque alguma novidade esta se desenhando num horizonte não muito distante.
Seria bom, que professores da rede pública, procurassem suas lideranças políticas, afim de cobrar uma posição à respeito deste assunto, onde cada ano o cerco se aperta, sem que se saiba exatamente aquilo que virá por aí.
Posted 2nd February 2012 by Paulo Cavalcanti
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