sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Giannazi abre espaço para o debate sobre a importância da Filosofia no currículo escolar

O I Encontro de Professores de Filosofia e Filósofos do Estado de São Paulo ocorreu no auditório Franco Montoro da Assembleia Legislativa entre os dias 06 e 07 de dezembro, e foi fruto de uma parceria entre o mandato do professor e deputado Carlos Giannazi e a Associação dos Professores de Filosofia e Filósofos do Estado de São Paulo (APROFFESP). Com o tema “A Presença Necessária da Filosofia da Educação”, o encontro foi dividido em temas que abordaram o histórico de lutas pelo retorno da Filosofia no Ensino Médio como disciplina obrigatória, o caráter multidisciplinar da Filosofia e as formas e propostas disponíveis para que a Filosofia ocupe seu devido e necessário espaço na grade curricular da rede pública estadual.

Giannazi fez uma saudação inicial no dia 06 e, na mesa no dia seguinte, expôs aspectos da ampliação da organização da Filosofia no Brasil. “Com relação ao estado de São Paulo, já estamos numa segunda fase da luta, que é a implantação da disciplina no 2º ciclo do Ensino Fundamental e, para isso, apresentamos o novo projeto de lei 643/2012 (antigo 228/2012), que dispõe sobre a inclusão do estudo da Filosofia no currículo escolar do Ensino Fundamental, cujo artigo 2º preconiza que o ‘ensino da Filosofia será ministrado por professores com formação específica na área”, disse o deputado, relatando que a Filosofia já faz parte do currículo escolar de várias redes públicas municipais de ensino (em 2008 foi aprovada a Lei 11.684/08, revendo o artigo 36 da LDB, tornando obrigatória a Filosofia e a Sociologia no Ensino Médio).

“ Quem ganha com a definitiva inclusão da Filosofia e da Sociologia nas grades curriculares de todos os ciclos e redes de ensino, particulares e públicas, é a sociedade, que colherá frutos de reflexões mais aprofundadas e críticas de sua forma de organização coletiva e, individualmente, será provida de cidadãos mais participantes e construtivos”, finalizou o parlamentar, citando o esforço que o mandato empreende junto a outros deputados em ver aprovado o PL e que este mesmo projeto é uma construção coletiva com o conjunto dos professores e de suas instituições representativas.

À mesa com Giannazi estavam os professores Antonio Celso de Oliveira, Clodoaldo Andrade dos Reis e o presidente da APROFFESP, Aldo dos Santos, para quem esse I Encontro foi um ‘ marco na luta pela consolidação da Filosofia no currículo escolar no estado. Na opinião dele, duas perspectivas importantes merecem destaque no balanço desse evento: o debate pela inclusão do Filosofia no Ensino Fundamental e a organização dos professores em escala nacional.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

A Delinquência Acadêmica*

Maurício Tragtenberg

O tema é amplo: a relação entre a dominação e o saber, a relação entre o intelectual e a universidade como instituição dominante ligada à dominação, a universidade antipovo.

A universidade está em crise. Isto ocorre porque a sociedade está em crise; através da crise da universidade é que os jovens funcionam detectando as contradições profundas do social, refletidas na universidade. A universidade não é algo tão essencial como a linguagem; ela é simplesmente uma instituição dominante ligada à dominação. Não é uma instituição neutra; é uma instituição de classe, onde as contradições de classe aparecem. Para obscurecer esses fatores ela desenvolve uma ideologia do saber neutro, científico, a neutralidade cultural e o mito de um saber “objetivo”, acima das contradições sociais.

No século passado, período do capitalismo liberal, ela procurava formar um tipo de “homem” que se caracterizava por um comportamento autônomo, exigido por suas funções sociais: era a universidade liberal humanista e mandarinesca. Hoje, ela forma a mão-de-obra destinada a manter nas fábricas o despotismo do capital; nos institutos de pesquisa, cria aqueles que deformam os dados econômicos em detrimento dos assalariados; nas suas escolas de direito forma os aplicadores da legislação de exceção; nas escolas de medicina, aqueles que irão convertê-la numa medicina do capital ou utilizá-la repressivamente contra os deserdados do sistema. Em suma, trata-se de “um complô de belas almas” recheadas de títulos acadêmicos, de um doutorismo substituindo o bacharelismo, de uma nova pedantocracia, da produção de um saber a serviço do poder, seja ele de que espécie for.

Na instância das faculdades de educação, forma-se o planejador tecnocrata a quem importa discutir os meios sem discutir os fins da educação, confeccionar reformas estruturais que na realidade são verdadeiras “restaurações”. Formando o professor-policial, aquele que supervaloriza o sistema de exames, a avaliação rígida do aluno, o conformismo ante o saber professoral. A pretensa criação do conhecimento é substituída pelo controle sobre o parco conhecimento produzido pelas nossas universidades, o controle do meio transforma-se em fim, e o “campus” universitário cada vez mais parece um universo concentracionário que reúne aqueles que se originam da classe alta e média, enquanto professores, e os alunos da mesma extração social, como “herdeiros” potenciais do poder através de um saber minguado, atestado por um diploma.

A universidade classista se mantém através do poder exercido pela seleção dos estudantes e pelos mecanismos denomeação de professores. Na universidade mandarinal do século passado o professor cumpria a função de “cão de guarda” do sistema: produtor e reprodutor da ideologia dominante, chefe de disciplina do estudante. Cabia à sua função professoral, acima de tudo, inculcar as normas de passividade, subserviência e docilidade, através da repressão pedagógica, formando a mão-de-obra para um sistema fundado na desigualdade social, a qual acreditava legitimar-se através da desigualdade de rendimento escolar; enfim, onde a escola “escolhia” pedagogicamente os “escolhidos” socialmente.

A transformação do professor de “cão de guarda” em “cão pastor” acompanha a passagem da universidade pretensamente humanista e mandarinesca à universidade tecnocrática, onde os critérios lucrativos da empresa privada, funcionarão para a formação das fornadas de “colarinhos brancos” rumo às usinas, escritórios e dependências ministeriais. É o mito da assessoria, do posto público, que mobiliza o diplomado universitário.

A universidade dominante reproduz-se mesmo através dos “cursos críticos”, em que o juízo professoral aparece hegemônico ante os dominados: os estudantes. Isso se realiza através de um processo que chamarei de “contaminação”. O curso catedrático e dogmático transforma-se num curso magisterial e crítico; a crítica ideológica é feita nos chamados “cursos críticos”, que desempenham a função de um tranqüilizante no meio universitário. Essa apropriação da crítica pelo mandarinato universitário, mantido o sistema de exames, a conformidade ao programa e o controle da docilidade do estudante como alvos básicos, constitui-se numa farsa, numa fábrica de boa consciência e delinqüência acadêmica, daqueles que trocam o poder da razão pela razão do poder. Por isso é necessário realizar a crítica da crítica-crítica, destruir a apropriação da crítica pelo mandarinato acadêmico. Watson demonstrou como, nas ciências humanas, as pesquisas em química molecular estão impregnadas de ideologia. Não se trata de discutir a apropriação burguesa do saber ou não-burguesa do saber, mas sim a destruição do “saber institucionalizado”, do “saber burocratizado” como único “legítimo”. A apropriação universitária (atual) do conhecimento é a concepção capitalista de saber, onde ele se constitui em capital e toma a forma nos hábitos universitários.

A universidade reproduz o modo de produção capitalista dominante não apenas pela ideologia que transmite, maspelos servos que ela forma. Esse modo de produção determina o tipo de formação através das transformações introduzidas na escola, que coloca em relação mestres e estudantes. O mestre possui um saber inacabado e o aluno uma ignorância transitória, não há saber absoluto nem ignorância absoluta. A relação de saber não institui a diferença entre aluno e professor, a separação entre aluno e professor opera-se através de uma relação de poder simbolizada pelo sistema de exames – “esse batismo burocrático do saber”. O exame é a parte visível da seleção; a invisível é a entrevista, que cumpre as mesmas funções de “exclusão” que possui a empresa em relação ao futuro empregado. Informalmente, docilmente, ela “exclui” o candidato. Para o professor, há o currículo visível, publicações, conferências, traduções e atividade didática, e há o currículo invisível – esse de posse da chamada “informação” que possui espaço na universidade, onde o destino está em aberto e tudo é possível acontecer. É através da nomeação, da cooptação dos mais conformistas (nem sempre os mais produtivos) que a burocracia universitária reproduz o canil de professores. Os valores de submissão e conformismo, a cada instante exibidos pelos comportamentos dos professores, já constituem um sistema ideológico. Mas, em que consiste a delinqüência acadêmica?

A “delinqüência acadêmica” aparece em nossa época longe de seguir os ditames de Kant: “Ouse conhecer.” Se os estudantes procuram conhecer os espíritos audazes de nossa época é fora da universidade que irão encontrá-los. A bem da verdade, raramente a audácia caracterizou a profissão acadêmica. Os filósofos da revolução francesa se autodenominavam de “intelectuais” e não de “acadêmicos”. Isso ocorria porque a universidade mostrara-se hostil ao pensamento crítico avançado. Pela mesma razão, o projeto de Jefferson para a Universidade de Virgínia, concebida para produção de um pensamento independente da Igreja e do Estado (de caráter crítico), fora substituído por uma “universidade que mascarava a usurpação e monopólio da riqueza, do poder”. Isso levou os estudantes da época a realizarem programas extracurriculares, onde Emerson fazia-se ouvir, já que o obscurantismo da época impedia a entrada nos prédios universitários, pois contrariavam a Igreja, o Estado e as grandes “corporações”, a que alguns intelectuais cooptados pretendem que tenham uma “alma”. [1]

Em nome do “atendimento à comunidade”, “serviço público”, a universidade tende cada vez mais à adaptação indiscriminada a quaisquer pesquisas a serviço dos interesses econômicos hegemônicos; nesse andar, a universidade brasileira oferecerá disciplinas como as existentes na metrópole (EUA): cursos de escotismo, defesa contra incêndios, economia doméstica e datilografia em nível de secretariado, pois já existe isso em Cornell, Wisconson e outros estabelecimentos legitimados. O conflito entre o técnico e o humanismo acaba em compromisso, a universidade brasileira se prepara para ser uma “multiversidade”, isto é, ensina tudo aquilo que o aluno possa pagar. A universidade, vista como prestadora de serviços, corre o risco de enquadrar-se numa “agência de poder”, especialmente após 68, com a Operação Rondon e sua aparente democratização, só nas vagas; funciona como tranqüilidade social. O assistencialismo universitário não resolve o problema da maioria da população brasileira: o problema da terra.

A universidade brasileira, nos últimos 15 anos, preparou técnicos que funcionaram como juízes e promotores, aplicando a Lei de Segurança Nacional, médicos que assinavam atestados de óbito mentirosos, zelosos professores de Educação Moral e Cívica garantindo a hegemonia da ideologia da “segurança nacional” codificada no Pentágono.

O problema significativo a ser colocado é o nível de responsabilidade social dos professores e pesquisadores universitários. A não preocupação com as finalidades sociais do conhecimento produzido se constitui em fator de “delinqüência acadêmica” ou da “traição do intelectual”. Em nome do “serviço à comunidade”, a intelectualidade universitária se tornou cúmplice do genocídio, espionagem, engano e todo tipo de corrupção dominante, quando domina a “razão do Estado” em detrimento do povo. Isso vale para aqueles que aperfeiçoam secretamente armas nucleares (M.I.T.), armas químico-biológicas (Universidade da Califórnia, Berkeley), pensadores inseridos na Rand Corporation, como aqueles que, na qualidade de intelectuais com diploma acreditativo, funcionam na censura, na aplicação da computação com fins repressivos em nosso país. Uma universidade que produz pesquisas ou cursos a quem é apto a pagá-los perde o senso da discriminação ética e da finalidade social de sua produção – é uma multiversidade que se vende no mercado ao primeiro comprador, sem averiguar o fim da encomenda, isso coberto pela ideologia da neutralidade do conhecimento e seu produto.

Já na década de 30, Frederic Lilge [2] acusava a tradição universitária alemã da neutralidade acadêmica de permitir aos universitários alemães a felicidade de um emprego permanente, escondendo a si próprios a futilidade de suas vidas e seu trabalho. Em nome da “segurança nacional”, o intelectual acadêmico despe-se de qualquer responsabilidade social quanto ao seu papel profissional, a política de “panelas” acadêmicas de corredor universitário e a publicação a qualquer preço de um texto qualquer se constituem no metro para medir o sucesso universitário. Nesse universo não cabe uma simples pergunta: o conhecimento a quem e para que serve? Enquanto este encontro de educadores, sob o signo de Paulo Freire, enfatiza a responsabilidade social do educador, da educação não confundida com inculcação, a maioria dos congressos acadêmicos serve de “mercado humano”, onde entram em contato pessoas e cargos acadêmicos a serem preenchidos, parecidos aos encontros entre gerentes de hotel, em que se trocam informações sobre inovações técnicas, revê-se velhos amigos e se estabelecem contatos comerciais.

Estritamente, o mundo da realidade concreta e sempre muito generoso com o acadêmico, pois o título acadêmico torna-se o passaporte que permite o ingresso nos escalões superiores da sociedade: a grande empresa, o grupo militar e a burocracia estatal. O problema da responsabilidade social é escamoteado, a ideologia do acadêmico é não ter nenhuma ideologia, faz fé de apolítico, isto é, serve à política do poder.


Diferentemente, constitui, um legado da filosofia racionalista do século XVIII, uma característica do “verdadeiro” conhecimento o exercício da cidadania do soberano direito de crítica questionando a autoridade, os privilégios e a tradição. O “serviço público” prestado por estes filósofos não consistia na aceitação indiscriminada de qualquer projeto, fosse destinado à melhora de colheitas, ao aperfeiçoamento do genocídio de grupos indígenas a pretexto de “emancipação” ou política de arrocho salarial que converteram o Brasil no detentor do triste “record” de primeiro país no mundo em acidentes de trabalho. Eis que a propaganda pela segurança no trabalho emitida pelas agências oficiais não substitui o aumento salarial.

O pensamento está fundamentalmente ligado à ação. Bergson sublinhava no início do século a necessidade do homem agir como homem de pensamento e pensar como homem de ação. A separação entre “fazer” e “pensar” se constitui numa das doenças que caracterizam a delinqüência acadêmica – a análise e discussão dos problemas relevantes do país constitui um ato político, constitui uma forma de ação, inerente à responsabilidade social do intelectual. A valorização do que seja um homem culto está estritamente vinculada ao seu valor na defesa de valores essenciais de cidadania, ao seu exemplo revelado não pelo seu discurso, mas por sua existência, por sua ação.

Ao analisar a “crise de consciência” dos intelectuais norte-americanos que deram o aval da “escalada” no Vietnã, Horowitz notara que a disposição que eles revelaram no planejamento do genocídio estava vinculada à sua formação, à sua capacidade de discutir meios sem nunca questionar os fins, a transformar os problemas políticosem problemas técnicos, a desprezar a consulta política, preferindo as soluções de gabinete, consumando o que definiríamos como a traição dos intelectuais. É aqui onde a indignidade do intelectual substitui a dignidade dainteligência.

Nenhum preceito ético pode substituir a prática social, a prática pedagógica.

A delinqüência acadêmica se caracteriza pela existência de estruturas de ensino onde os meios (técnicas) se tornam os fins, os fins formativos são esquecidos; a criação do conhecimento e sua reprodução cede lugar aocontrole burocrático de sua produção como suprema virtude, onde “administrar” aparece como sinônimo de vigiar e punir – o professor é controlado mediante os critérios visíveis e invisíveis de nomeação; o aluno, mediante os critérios visíveis e invisíveis de exame. Isso resulta em escolas que se constituem em depósitos de alunos, como diria Lima Barreto em “Cemitério de Vivos”.

A alternativa é a criação de canais de participação real de professores, estudantes e funcionários no meio universitário, que oponham-se à esclerose burocrática da instituição.

A autogestão pedagógica teria o mérito de devolver à universidade um sentido de existência, qual seja: a definição de um aprendizado fundado numa motivação participativa e não no decorar determinados “clichês”, repetidos semestralmente nas provas que nada provam, nos exames que nada examina, mesmo porque o aluno sai da universidade com a sensação de estar mais velho, com um dado a mais: o diploma acreditativo que em si perde valor na medida em que perde sua raridade.

A participação discente não constitui um remédio mágico aos males acima apontados, porém a experiência demonstrou que a simples presença discente em colegiados é fator de sua moralização.

* Texto apresentado no I Seminário de Educação Brasileira, realizado em 1978, em Campinas-SP. Publicado em: TRAGTENBERG, M. Sobre Educação, Política e Sindicalismo. Sã Paulo: Editores Associados; Cortez, 1990, 2ª ed. (Coleção teoria e práticas sociais, vol 1)
[1] Kaysen pretende atribuir uma “alma”à corporação multinacional; esta parece não preocupar-se com tal esforço construtivo do intelectual.
[2] Frederic LILGE, The Abuse of Learning: The Failure of German University. Macmillan, New York, 1948

FONTE: http://www.espacoacademico.com.br/014/14mtrag1990.htm

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Deus após a morte


BRUNO GHETTI

ESPECIAL PARA A FOLHA

Enquanto concebia o roteiro de "O Garoto da Bicicleta" (2011), o diretor belga Luc Dardenne, 58, teve sua mente invadida por pensamentos filosóficos. O filme (codirigido pelo irmão Jean-Pierre, seu parceiro artístico) mostra o encontro entre um menino abandonado pelo pai e uma cabeleireira que, sem razão explícita, resolve cuidar dele, dando-lhe amor e proteção.

Intrigado pela natureza dessa relação desinteressada entre uma pessoa e o "outro", por aquilo que faz alguém amá-lo e olhar por ele, Dardenne lançou-se a uma série de questionamentos sobre as relações humanas. Depois de traduzir suas conclusões em imagens (no longa), decidiu ir além: desenvolveu-as em "Sur l'Affaire Humaine" [Seuil, 190 págs., R$ 48], lançado no ano passado na França.

A partir da noção nietzschiana da "morte de Deus", Dardenne discorre sobre o medo humano de morrer, a necessidade da substituição de Deus e a importância das relações entre as pessoas. A obra apresenta conceitos filosóficos nem sempre claros para um não iniciado, mas a prosa é surpreendentemente fluida e clara.

O livro é fortemente influenciado pela ética da alteridade proposta pelo franco-lituano Emmanuel Levinas (1906-95), de quem Dardenne foi aluno na faculdade de filosofia em Louvain, em 1980. Para o belga, passado o luto pela "morte de Deus", o ser humano precisa desenvolver uma moral humana, não mais divina.

A relação com o outro se torna elemento central dessa moral, inspirada no pensamento levinasiano sobre um "eu" ético que aparece sob a injunção de um outro que clama por ser socorrido -uma demanda de não ser deixado abandonado. Como se, na falta de um Deus todo-poderoso, o "eu" (ou o "outro", dependendo do caso) assumisse atribuições "divinas".

Noções como solidariedade, simpatia e responsabilidade pelo outro são examinadas no livro, um excelente complemento aos filmes da dupla -ele esclarece e aprofunda questões só sugeridas nos extraordinários "A Promessa" (1996) e "O Filho" (2002) e nos vencedores da Palma de Ouro "Rosetta" (1999) e "A Criança" (2005).

Os irmãos Dardenne figuram hoje entre os cineastas mais influentes das últimas duas décadas: seu estilo seco, com sequências longas e a câmera colada no protagonista tem sido imitado ad infinitum (raramente com bons resultados, diga-se). Seus personagens são incansáveis guerreiros que lutam pela sobrevivência em um mundo pouco solidário. Mas, de repente, uma prova de humanidade, um toque de Graça, surge de onde menos se espera, e o ser humano já não se sente tão entregue à própria sorte.

Sobre o livro e seus pontos de contato com seus filmes, Luc Dardenne falou, por email, àFolha.
*

Folha - A ideia de "Sur l'Affaire Humaine" surgiu durante a criação do roteiro de "O Garoto da Bicicleta". Como aquela história o levou a um livro tão sério e filosófico?

Luc Dardenne - Nos dois anos de desenvolvimento do roteiro, quando estava obcecado por aquele garoto solitário, abandonado e violento, procurava palavras, olhares e gestos para ele projetando-me nele e conversando com frequência com meu irmão. Toda essa atividade me fechou em pensamentos que se ligavam a questões filosóficas que me interessam há muito tempo, como a solidão, a simpatia, a responsabilidade pelo outro, o assassinato -questões suscitadas por minhas leituras da obra de Levinas. Uma das questões que me perseguia era saber: por que o amor da personagem Samantha, uma mulher desconhecida, que surgiu por acaso, seria capaz de abrandar o sofrimento do garoto da bicicleta?


Logo no início, é evocado o célebre "Deus está morto", de Nietzsche. Mas 130 anos após o filósofo tê-lo "enterrado", Deus segue como uma espécie de obsessão entre os humanos - filósofos, inclusive. A declaração da morte teria tornado Deus ainda mais vivo?

Meu pequeno livro não é de forma alguma uma discussão sobre a morte ou sobrevivência de Deus. De certo modo, falo somente de mim, para quem Deus está morto; apenas faço ruminações, pensamentos obsessivos sobre a necessidade de consolação que tenho em mim, em minhas inervações, assim como o garoto da bicicleta, meu "alter ego". O que eu posso esperar é que esses pensamentos que me deixam obcecados sejam o sintoma de alguma coisa que ultrapassa a minha pessoa e movimente o pensamento dos outros.

Você sugere que Deus não está tão morto assim -há uma entidade próxima, mas terrena e humana: uma figura materna. Quem seria?

Nosso nascimento é indissociável de um pânico do que está de fora [do útero], um medo de morrer. Esse medo é abrandado quando entramos em contato com o amor infinito de um outro -uma mãe, um pai, biológico ou não- capaz de nos fazer sair de uma bolha imaginária e passar a amar o que está de fora. Necessitamos da existência de um "Deus" que nos dê um amor mais forte que a morte, uma segurança absoluta.

Tento pensar em como podemos conviver com essa necessidade, mas sem Deus -vivendo só com nosso elo com o outro humano que nos ama infinitamente e nos fez amar a vida. Mas, é claro, uma vida que não tem mais nenhuma garantia de eternidade, uma vida de mortal entre mortais.

Superado Deus, é preciso passar a uma próxima etapa: desenvolver uma moral antes humana que divina. A humanidade está ainda muito longe de chegar lá?

Questão para um adivinho, o que eu não sou. Podemos, ainda assim, dizer que o crescimento dos particularismos e das identidades religiosas hoje em dia pode nos fazer temer pelo pior. Cabe a nós resistir. O cinema pôde ser no passado uma terrível ferramenta de propaganda, de disseminação de preconceitos assassinos.

Mas ele pode também mostrar seres humanos complexos, singulares e, ao mesmo tempo, universais, que escapam a todos os preconceitos e que são capazes de sofrer pelas pessoas que também sofrem, que são capazes de ser felizes por pessoas que manifestam sua alegria de viver. O cinema se interessa pelo ser humano, qualquer que ele seja, essa é a humanidade de seu olhar.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Ouça mais, fale menos!


Certa manhã o meu pai, muito sábio, convidou-me a dar um passeio no bosque.
Deteve-se subitamente numa clareira e perguntou-me:
- Além dos pássaros, ouves mais alguma coisa?
Apurei os ouvidos e respondi:
Estou a ouvir o barulho de uma carroça.
- Isso mesmo, disse o meu pai, de uma carroça vazia.
Perguntei-lhe:
- Como sabes que está vazia, se ainda a não vimos?
- Ora, é fácil! Quanto mais vazia está a carroça, maior é o barulho que faz.
Cresci e hoje, já adulto, quando vejo uma pessoa a falar demais, aos gritos, tratando o próximo com absoluta falta de respeito, prepotente, interrompendo toda a gente, a querer demonstrar que só ele é dono da verdade, tenho a impressão de ouvir a voz do meu pai a dizer:
- Quanto mais vazia a carroça, maior é o barulho que faz!

O QUE É MAIS IMPORTANTE E ESSENCIAL NA VIDEA?


O QUE É MAIS IMPORTANTE E ESSENCIAL NA VIDEA?
(Estória adaptada de autoria desconhecida)
            O segredo do sucesso na vida e da felicidade é ter consciência clara daquilo que é mais importante para cada um de nós, é saber definir nossas prioridades e objetivos principais e focar neles, colocando toda nossa energia, vontade e amor.
            Para ajudar, segue uma estória que me contaram e ilustra bem a questão:
            Um Mestre, certo dia, pegou um vidro transparente e perguntou aos seus discípulos:
- Este vidro que vocês veem está cheio ou vazio?
            Os discípulos responderam:
- Vazio!
            O mestre disse:
- Está cheio de ar, mas é claro que ainda cabem muitas coisas dentro dele.
            Pegou, então, pedregulhos do tamanho de bolas de gude e colocou-os dentro do vido até à tampa. Perguntou novamente:
- E agora, o vidro está cheio?
            Os discípulos disseram:
- Sim!
            Ao que o mestre retrucou:
- Não está totalmente cheio ainda.
            Pegou agora pedregulhos bem pequenos e derramou-os dentro do vidro; as pedrinhas foram escorrendo por entre os pedregulhos maiores e ocuparam todos os espaços ainda vazios. De novo perguntou:
- O vidro agora está totalmente cheio?
- Sim, responderam os discípulos!
            Mas o mestre, que era sábio, discordou dos discípulos e pegando porções de areia seca bem fina, foi derramando no vidro, com movimentos, e a mesma penetrou por entre os pequenos espaços e ocupou praticamente todo o espaço vazio que ainda existia. E perguntou:
- Agora o vidro está totalmente cheio?
            Responderam convictos:
- Sim, agora está!
            Mas o mestre novamente discordou enfaticamente de seus inexperientes discípulos e pegando um copo de cerveja que mandou trazer, entornou no vido, cujo liquido foi penetrando na areia seca, umedecendo-a até cair pelas bordas. Finalmente apresentou o vidro totalmente cheio aos discípulos!
            Qual é a moral da estória? O mestre* completou com sabedoria:
- Em nossas vidas precisamos saber o que é mais e menos importante, separando-as. As coisas mais importantes são como as pedras e pedregulhos maiores, que deverão ser os primeiros a tomarem o nosso tempo e dedicação. Depois vêm as pedrinhas, a areia, etc. Só assim encheremos totalmente a nossa vida (o vidro) e poderemos ser felizes. E encerrou com chave de ouro:
- Saibam todos vocês que, por mais que em nossas vidas estejamos de saco cheio, sempre cabe um cervejinha com os amigos!
            Desejo a todos muita sabedoria e um feliz ano novo!
Chico Gretter
*O mestre poderia ser Epicuro (341-270 a.C.), nascido em Samos, perambulou pela Ásia Menor e morreu em Atenas, onde fundou uma escola filosófica composta de homens e mulheres. O princípio fundamental de sua filosofia era o prazer vivido com racionalidade entre os amigos.

domingo, 30 de dezembro de 2012

Minha vida é andar por esse País...



No dia 13 de dezembro passado, comemoramos o centenário de nascimento de Luiz Gonzaga, o rei do Baião. Nesse dia tenho lembrança do terço de Santa Luzia, pois minha mãe rezava religiosamente esse terço todos os anos pagando uma promessa que fez por ocasião de um acidente no olho do meu irmão Valter que estava trabalhando na roça, e, sem condições efetivas de ir ao médico, a população pobre sempre recorria a fé e aos ditos milagres. 

Nesse natal ganhei de presente de Minha filha dois livros sobre a vida e obra de Luiz Gonzaga e sobre o Gonzaguinha, “seu filho”. 

Conclui a leitura do Livro, A vida do Viajante: A saga de Luiz Gonzaga, escrito por Dominique Dreyfus, publicado pela editora 34 Ltda. Foi um deleite essa leitura, rica em detalhes e de narrativa fluente. O livro de certa forma conta a trajetória do povo sofrido da região e de Luiz Gonzaga, filho de Santana e do velho Januário e dos demais irmãos e irmãs que ao longo de suas vidas foram determinantes na trajetória musical do garoto que rompeu os laços familiares ainda precocemente, serviu o exército em Fortaleza, buscou a fama no Rio de janeiro mais nunca esqueceu suas raízes e o cantar do povo do nordeste. 

Foi vítima do preconceito e do racismo incrustado na cultura nordestina, assim como em grande parte do nosso País. Foi migrante que cantou como ninguém as mazelas sociais perpetradas historicamente pelo regime e governos que sempre os defendeu ao longo de sua existência. Foi um pai acolhedor, pois, mesmo sabendo no seu íntimo que o Gonzaguinha ao que tudo indica não era seu filho legítimo, não o descriminou. Foi um homem obstinado pela superação do estado de miséria que cantou e enfrentou durante parte de sua vida, sempre temperado com uma vida de fartos amores e conflitos conjugais. 

As suas caravanas pelo Brasil divulgando suas canções e obras, era uma profissão de crença no seu povo,pois além da divulgação fazia o enfrentamento ao poder das grandes gravadoras, além de inovação no seu marketing em busca da consolidação de um reinado conquistado as duras penas, agora consagrado por pessoas simples e por toda sociedade brasileira com destaque até em nível internacional. 

Sua trajetória foi pontuada de altos e baixos, de acordo com o contexto político e musical de determinados momentos da música brasileira. Os compositores renomados como Humberto Teixeira e Zé Dantas, bem como Patativa do Assaré e outros contribuíram fortemente para o sucesso e conquista do mercado, a partir do conteúdo que as musicas expressavam. 

O livro é uma viagem na História, pois relata as secas do nordeste, menciona Padre Cícero, retrata a figura corajosa de Lampião, discorre sobre o conflito das famílias em Exu, comenta de passagem sobre a coluna Prestes, repercute o governo de Getúlio Vargas, convive com Juscelino Kubistchek, e, com os militares sempre teve bom relacionamento, apesar de ser questionado sobre o conteúdo das musicas criticas de Gonzaguinha sobre o regime militar e a ditadura. 

A crônica “Homens, coisas e letras” de José Lins do Rêgo, citada na página 171 do referido livro, descreve com precisão sobre a importância e significado da Música de Luiz Gonzaga ao afirmar que: ”Gonzaga trouxe uma novidade à musica brasileira. Trouxe o sentimento melódico das extensões sertanejas, das léguas tiranas, das asas brancas, do gemer dos aboios.As tristezas dos violeiros se passaram para sua sanfona(...) Pode-se dizer que Gonzaga renovou com suas interpretações, com a sua forte personalidade de cantor, um meio que andava convencional, sem originalidade, banalizado por meia dúzia de bocós que vive a roer as heranças do genial Noel Rosa.O que nos prende ao cantar de Gonzaga, é o que nos arrebata em Noel, é a simplicidade da melodia, é a doce música que ele introduz nas palavras, a magia dos instrumentos, a candura de alma tranquila que se derrama nas canções.” 

Mesmo o opositor de outrora como Fernando Lobo foi obrigado a reconhecer que: “O baião atingiu todos os públicos: povinho, povão, classe média, classe alta. Os cassinos, que na época estavam abertos, tocavam Nat King Cole, Cole Porter e, de repente, um baião, com violino e tudo, e o público dançava”. 

O contexto do nascimento de Luiz Gonzaga era de grande seca e miséria vivida pelos seus pais. Foi nesse contexto que em 13 de Dezembro de 1912 na fazenda Caiçara nasceu o futuro Rei do baião, sendo batizado na Igreja Matriz de Exu em 05 de janeiro de 1913. 

O gosto e a influência musical foi passada pelo Velho Januário que era sanfoneiro e consertador de fole e sanfona. 

Com a leitura desse livro entendi um pouco mais o quanto a musica de Luiz Gonzaga é tão forte na minha família, haja vista que meus pais viveram no auge do sucesso de Gonzaga e certamente meus irmão foram embalados desde a mais apoucada idade com as melodias desse importante personagem que criaram identidade cultural e até as origens e raízes são as mesma, de seca, sofrimento e todo tipo e dificuldades. 

No ano em que nasci, Gonzaga gravou o “Xote das meninas”, além de outras musicas.Percebam que todo imaginário cultural musical e simbólico estava vinculado a personalidade e ao canto de Luiz Gonzaga. 

Lembro-me que nos finais de ano na casa da minha mãe aquelas músicas era um alento e servia de rememorização das dificuldades sofridas pelos nossos pais e pelos os irmãos mais velhos. Era uma música que doía fundo, como um reencontro com o pé de serra, com o mandacaru, com o juazeiro, com a missa dos vaqueiros, com a valentia de um povo que se tornou valente pelo simples desejo de viver e criar dignamente os filhos, e ao mesmo tempo cantaram, enfrentavam e viveram a “súplica cearense” e a “triste partida” deixando tudo pra trás. 

O sentimento era um misto de raiva, revolta, choro contido e consciência de que isso um dia vai ter que mudar. Então, as musicas de Luiz Gonzaga para o Nordestino ainda representa a “Asa Branca” que bateu asa e não retornou para reencontrar com a sua história, nem fez o acerto de conta com os que expulsaram de suas terras, pela indústria da seca e da miséria. Falta uma espécie de acerto de conta com os coronéis, com os governantes, com os mandatários do poder que confiscaram o direito a vida em sua terra natal ao homem do sertão. 

Hoje, mesmo com as condições de vida um pouco melhor em relação aquele universo, ainda existe um vazio, uma lacuna, um gemido dos nossos antepassados que foram vítimas dessa crueldade para com o homem simples dos rincões e sertanejos desse país. 

Portanto, a leitura desse livro nos remete a essa profunda reflexão em busca de nossa verdadeira identidade e construção de uma nação de iguais e não um país com farrapos simbólicos, numa espécie de “apátridas”. 

Embora não concordamos com sua postura política/ eleitoral, inegavelmente o velho “LULA” cantou a alegria e sofrimento de um povo e viveu sempre apaixonado por amores ocasionais do início ao fim da sua carreira artística. 

Mesmo adoentado tentou a separação de sua mulher para se casar com seu novo romance a Zuita, sendo demovido da ideia por pressões familiares. 

Mesmo no final da vida sempre estava tentando o novo e sempre estava com a agenda cheia de compromissos. Porém, em 02 de agosto de 1989, morre Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, aos 77 anos de idade. 

O livro ressalta toda a sua história e a reimpressão da terceira edição em 2012 no centenário de seu nascimento significa que sua influência ainda é significativamente grande no cenário musical brasileiro e como patrimônio histórico da cultura brasileira. 

Por último, o cantor e compositor Gilberto Gil ainda corrobora: “Eu, como discípulo e devoto apaixonado do grande mestre do Araripe, associo-me às eternas homenagens que a história continuamente prestará ao Nosso Rei do Baião”. 

Aldo Santos-Filho do Ceará, Coordenador da APEOESP-SBC, Presidente da Aproffesp e militante do Psol, 

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Adiamento da vigência do acordo ortográfico


Marcos Magalhães e Gorette Brandão

Os brasileiros terão mais três anos para adaptar-se às novas normas da língua portuguesa. O adiamento, estabelecido por meio do Decreto 7875/2012, assinado pela presidente Dilma Rousseff e publicado no Diário Oficial da União desta sexta-feira (28), contou com o apoio e o estímulo de senadores da Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE).

A implantação definitiva do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, firmado em 1990 por todos os países de expressão portuguesa, deveria ocorrer no Brasil a partir de 1º de janeiro de 2013, segundo decreto presidencial de 2008.

O novo decreto publicado nesta sexta-feira ampliou o período de transição até 31 de dezembro de 2015. Até lá, coexistirão a norma ortográfica atualmente em vigor e a nova norma estabelecida por meio do acordo.

No final de novembro, os senadores Cyro Miranda (PSDB-GO) e Lídice da Mata (PSB-BA) levaram à ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, sua preocupação com o curto período até então existente para a implantação definitiva das novas normas ortográficas. Durante o encontro, a ministra disse não se opor à ampliação do período de transição estabelecido no acordo firmado pelos países de língua portuguesa.

Três meses antes, a senadora Ana Amélia (PP-RS) e o senador Cyro Miranda haviam apresentado um projeto de decreto legislativo (PDS 498/2012) destinado a ampliar o período de transição para seis anos – três a mais, portanto, do que o estabelecido por meio do novo decreto presidencial.

A partir da adoção definitiva pelo Brasil das normas estabelecidas pelo acordo, os concursos públicos e as provas escolares deverão cobrar o uso correto da nova ortografia. Documentos e publicações deverão também circular perfeitamente adaptados às novas regras.

A adequação dos livros didáticos começou em 2009, quando o acordo entrou em vigor e começou o período de transição. Na opinião da senadora Ana Amélia, no entanto, o prazo de adaptação foi curto.

“O assunto demanda maior tempo de maturação, bem como integração mais ampla com os demais países envolvidos”, diz a senadora na justificação da proposta.

A assessoria da senadora Ana Amélia (PP-RS) divulgou que, para ela, a prorrogação do prazo permite esclarecer as dúvidas sobre as novas regras, além de ampliar o debate e aprofundar o entendimento entre especialistas, educadores e estudantes. A senadora participou da definição do novo prazo, integrando o grupo interministerial formado por representantes dos Ministérios das Relações Exteriores, da Educação e da Casa Civil.

De acordo com a parlamentar, ainda são inúmeras as dúvidas entre educadores e alunos.

- Com mais três anos de prazo, será possível ampliar o entendimento sobre os ajustes na língua portuguesa e implementar mudanças, se estas forem necessárias – afirmou.

A senadora alertou para a falta de participação de docentes na discussão. Ela também lembrou ter sido a autora, juntamente com o senador Cyro Miranda, de projeto de decreto legislativo que propôs o adiamento do início da reforma ortográfica em seis anos, o dobro do prazo previsto no decreto.

- Mas a importância do tema, especialmente por se tratar de um acordo internacional, exigiu um decreto presidencial - disse Ana Amélia.

A senadora ressaltou que todos os signatários do acordo adotaram períodos de transição mais longos. Em Portugal, por exemplo, o período de convivência entre as duas normas vai até 2015. Em Cabo Verde, o prazo só acabará em 2019.
Agência Senado
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

  A verdade dos senhores da guerra e seus impérios O povo cubano, sob o comando dos revolucionários de Serra Maestra, se insurgiu contra o d...