Bom dia a todos/as. Não gosto de ser chato, mas já sendo, ao ver um vídeo que me enviaram (um rapaz repreendendo uma senhora e um senhor idoso que saíram para fazer compras, desrespeitando a quarentena do coronavírus...), devo dizer que muitos filhos/as (não é a maioria, certamente...) que agora estão preocupados com seus pais e avós passam semanas, meses e até anos sem se lembrar dos mais velhos...deixam-nos sozinhos, na solidão da velhice e até no abandono. Agora todo mundo se preocupa com os idosos, os velhinhos/as.
Agradecemos quem está preocupado conosco, que somos do "grupo de risco", e espero que depois de passada a tempestade, muitos filhos e filhas ingratos mudem sua atitude com seus pais e mães e aproveitem os tempos sem pandemia para, de vez em quando, abraçar seus queridos mais velhos. Pior do que morrer de coronavírus com certeza é morrer na solidão do abandono e falta de compreensão. Como sempre dizia aos meus alunos, nos meus trinta anos como professor de História e Filosofia nas redes pública e particular, quando alguém me chamava de "Chico Velho": primeiramente eu agradeço pela alcunha, pois me lembra o pai que não conheci pessoalmente e cujo nome era Chico também; faleceu antes do meu nascimento. Segundo, faço votos que vocês alcancem a idade que alcancei com a "graça de Deus" e a ajuda que tive de tantos/as para sobreviver a tantos infortúnios e viver anos, pois completo agora no dia 12 de abril, 64 anos de idade.
Falo isso porque vi e tenho visto muitos jovens que não chegam aos trinta anos de idade...meus filhos já chegaram e vocês sobrinhos também já chegaram e passaram dos trinta; que bom! Somos privilegiados e, logo que puder, vamos celebrar essa felicidade. Mas, voltando a ser chato, não se esqueçam de lembrar, como escreveu Roberto Carlos na canção dele e do Erasmo - "A distância": "...Se alguma vez você pensar em mim, não se esqueça de lembrar que eu nunca te esqueci"! Não esqueçam seus pais e mães nos cantos tristes da solidão que muitos velhos e velhas estão sofrendo mesmo agora ou principalmente neste momento. Tenha paciência com seus velhos/as! Todos um dia seremos ultrapassados, mas há uma coisa que jamais suprime: a dignidade das pessoas! E que todos vocês, jovens, cheguem aonde chegamos: no grupo de risco!
Todavia, todos nós corremos vários riscos todos os dias, pois estamos sujeitos a vírus e bactérias de toda espécie, sendo os piores, a hipocrisia, o desrespeito e a ingratidão! Para estes não há e nunca haverá vacinas, como ainda não há para a cura da AIDS e que, depois de 40 anos, continua matando milhares pelo mundo, principalmente jovens. A morte não é uma lenda, há morte é real, com vírus ou sem vírus. Para ela não há quarentena, mas podemos aprender a conviver com ela durante anos, muitos anos até a aceitação de que somos amigos, somos parceiros na jornada da vida que continua.
Por isso, como escreveu e cantou o grande poeta Gonzaguinha, filho do Gonzagão, outro mestre da canção popular brasileira: "Viver e não ter a vergonha de ser feliz, cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz...é a vida, é bonita e é bonita"! ("O que é, o que é?"). Bom dia a todos/as, um tele-abraço bem forte, com saudades, do seu tio Chico Gretter, filho do velho Chico que uma fatalidade levou para sempre quando tinha apenas 29 anos de idade. Era muito jovem!
São Paulo, 22 de março de 2020
Prof. Chico Gretter - mestre em Filosofia e História da Educação, diretor da APROFFESP
- #falachico-fatosnãofakes
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