PROCEDIMENTOS
I. Providenciar um local para a referida reunião que poderá ser nos Sindicatos, Igrejas, Escolas, Sociedade Amigos de Bairros ou na própria Diretoria de Ensino;
II. Solicitar à Diretoria de Ensino que comunique a realização da reunião da APOFFESP com os professores de Filosofia e indicando o endereço completo, hora e local do evento;
III. Entrar em contato com a diretoria da ASSOCIAÇÃO para que a mesma encaminhe os documentos necessários para o debate do dia, inclusive, o certificado de participação, conforme publicação no diário oficial;
IV. A pauta geral, não impede que outros temas, de interesse para a disciplina filosofia, sejam incluídos no evento;
V. Indicar, dentre os presentes, uma coordenação com até cinco membros para organizar os trabalhos na cidade.
VI. Dentre os indicados eleger um Coordenador (a), Secretário (a) e um Organizativo(a);
VII. Caso as Coordenações não estejam funcionando, deve ser feito um balanço dessa realidade e caso haja necessidade poderá ocorrer substituições;
VIII. Essa coordenação ficará responsável pela indicação dos participantes ao 1º Encontro Estadual de Professores de Filosofia e Filósofos do Estado de São Paulo que será realizado no dia 05 e 06 de Dezembro de 2012 na Capital;
AS COORDENAÇÕES INDICADAS NA PRIMEIRA REUNIÃO FICARÃO RESPONSÁVEIS PELOS ENCAMINHAMENTOS NESSA SEGUNDA REUNIÃO REGIONAL DA APROFFESP;
NOS LUGARES ONDE NÃO OCORRERAM AS REUNIÕES E DEBATES, SOLICITAMOS O EMPENHO DOS COLEGAS PARA QUE ORGANIZEMOS JÁ.
SUGESTÃO DE ENCAMINHAMENTO DOS TRABALHOS
§ No início dos trabalhos, os presentes devem indicar um Coordenador (a) e um Secretário (a) para conduzir a reunião.
§ Estabelecer um tempo de fala para cada professor anunciar e justificar seus argumentos livremente.
Pauta
I. Conjuntura Educacional e condições de trabalho;
II. Debate da proposta de filosofia do Estado de São Paulo;
III. Relatos e fatos do cotidiano do professor de filosofia;
IV. Estruturação das Coordenações Regionais da APROFFESP;
V. Sugestões para a realização do 1° Encontro de Professores de Filosofia e Filósofos do Estado de São Paulo, em dezembro de 2012.
Despacho do Gabinete do Secretário
O Diário Oficial publicou no dia 04/07/2012 o seguinte despacho do Gabinete do Secretário de Educação do Estado de São Paulo:
“Interessado: Associação dos professores de filosofia e filósofos do Estado de São Paulo-APROFFESP.
Assunto: Afastamento/solicitação.
Autorizando. Diante do que consta no oficio 008/2012, e considerando as disposições do artigo 69 da lei 10.261/68, nos termos propostos o afastamento para o dia 05/09/2012, para os professores de Filosofia que participarem da reunião para aprofundar o debate com base nos seguintes temas: Conjuntura Educacional e condições de trabalho; debate da proposta de filosofia do Estado de São Paulo; Relato e fatos do cotidiano do professor de filosofia; estruturação e funcionalidade das coordenações regionais da APROFFESP e Indicação da delegação ao 1° Encontro de professores de Filosofia e Filósofos do Estado de São Paulo.”
Esperamos que com essa conquista possamos avançar ainda mais no debate filosófico na rede estadual e particular, aprofundando os temas propostos e coletivamente construirmos uma proposta debatida democraticamente pelos professores de Filosofia do Estado de São Paulo.
Convidamos a todos para nos empenhar na realização dessa importante atividade Filosófica. Solicitamos que as coordenações regionais da Aproffesp constituídas na última reunião assumam a realização desse próximo evento.
Mesmo diante de um calendário exíguo, sugerimos que haja reuniões das coordenações regionais e nos propomos a comparecer às mesmas dentro do possível, com o objetivo de consolidar e avançar ainda mais nossa união e organização no Estado de São Paulo e no Brasil.
Com saudações filosóficas.
Atenciosamente,
Diretoria da Aproffesp
Presidente: Aldo Santos
Vice-presidente: Chico Gretter
Secretário: José de Jesus
Diretor de comunicação e propaganda: Cícero Rodrigues da Silva
Tesoureiro: Anízio Batista de Oliveira
Diretor de políticas pedagógicas: Antonio Celso de Oliveira
Diretor de relações institucionais: Rita Leite Diniz
Diretoria de Base da APROFFESP
Alan Aparecido Gonçalves, Professor em SBC;
Chirlei Bernardo do Nascimento, Professora em Guarulhos;
Gilmar Soares de Oliveira, Professor em Santo André;
Celso Augusto Torrano, Professor em Osasco;
Marcelo Henrique P. Naves, da Z.Norte- Capital;
Jairo de Sousa Melore, Professor em Mongaguá;
Edson Genaro Maciel, Licenciado em Filosofia, Araçatuba;
Fernando Borges Correia Filho, professor em Taubaté;
Carlos Rocha, Licenciado em Filosofia Hortolândia-Campinas;
Alexandre dos Santos Yamazaki, professor na Lapa-capital;
Sady Carlos de Souza, Professor em Rio Pequeno;
Anderson Grange, Professor em Jundiaí;
Marco Aurélio P. Maida, professor em Suzano.
Contato com os diretores
“Os filósofos se limitaram a interpretar o mundo de maneiras diferentes; cabe agora transformá-lo.”
Karl MARX. Teses contra Feuerbach.
“A causa da crise financeira é a lógica do próprio capitalismo”
sex, 2012-01-20 12:20 — Michelle
Para o professor François Houtart, somos confrontados com uma lógica que corre ao longo da história econômica do século passado
Nilton Viana da Redação 20/01/2012
A crise que vivemos é mais profunda e bastante diferente da que conhecemos nos anos 1929 e 1930, afirma o professor François Houtart. Segundo ele, sua dimensão evidentemente está vinculada ao fenômeno da globalização. Porém, ressalta que a atual crise não é nova. Não é a primeira crise do sistema financeiro e muitos dizem que não será a última. Houtart acredita que o mais importante, e isso é diferente dos anos 1929 e 1930, é essa combinação com vários tipos de crises. E afirma: a causa fundamental da crise financeira é a lógica do próprio capitalismo. “A crise financeira é devida à lógica do capital, que tenta buscar mais lucros para acumular capital, que é, dentro dessa teoria, o motor da economia”.
Em entrevista ao Brasil de Fato, Houtart fala também sobre as várias facetas desta crise, inclusive a crise alimentar, a qual, segundo ele, faz parte da mesma lógica. “A combinação da crise econômica com a alimentar é algo novo. Porém, são vinculadas”.
Brasil de Fato – O mundo vive hoje uma crise mundial, que tem afetado principalmente os Estados Unidos e a Europa. Como o senhor avalia esse cenário?
François Houtart – Eu penso que, primeiro, se trata de uma crise do sistema econômico capitalista, que é muito similar à crise dos anos de 1929-1930 e também a muitas outras crises cíclicas do sistema capitalista onde há subprodução, subconsumo e eventualmente crises financeiras.
A crise que vivemos hoje me parece mais profunda e bastante diferente da que conhecemos nos anos 1929 e 1930, porque, primeiro, sua dimensão evidentemente está vinculada ao fenômeno da globalização. Isso significa que hoje há um efeito muito mais global do que nos anos de 1929-1930 e que evidentemente afeta o conjunto da economia. Já está afetando os países emergentes e de uma maneira ou outra afetará outros países do mundo. Porém, o mais importante, e isso é diferente dos anos 1929 e 1930, é essa combinação com vários tipos de crises. Por exemplo, a crise alimentar, que foi conjuntural nos anos 2008-2009 e que correspondeu à crise do capital financeiro. Porque o capital financeiro tem buscado novos lugares de especulação e o lugar foi a alimentação, com conseqüências terríveis. E a crise alimentar é também estrutural e não somente conjuntural, porque precisamente afeta toda a maneira de fazer a agricultura. E a introdução cada vez mais forte do capital dentro da agricultura, com a concentração de terras, gera uma contrarreforma agrária mundial e o desenvolvimento de monocultivos, com todas as consequências ecológicas de destruição de ambiente e também de destruição humana; por exemplo, a exclusão dos camponeses de suas terras.
A combinação da crise econômica com a alimentar é algo novo. Porém, são vinculadas. Na verdade, a crise financeira é devida à lógica do capital, que tenta buscar mais lucros para acumular capital, que é, dentro dessa teoria, o motor da economia. Se o capital financeiro é mais proveitoso do que o produtivo, ele faz a lei da economia mundial como é hoje. Assim, essa é evidentemente a lógica do capitalismo que provoca a crise financeira, que tem efeitos econômicos, porque tem efeitos sobre emprego, crédito e toda a economia. Porém, é essa mesma lógica que está provocando a crise alimentar, porque, por uma parte, há uma especulação – o preço do trigo, por exemplo, tem dobrado 100% em um ano, menos de um ano, por razões puramente especulativas.
E quais são as conseqüências sociais dessa crise?
Na verdade, as consequências sociais da crise financeira são sentidas além das fronteiras da sua própria origem e afetam os fundamentos da economia. Desemprego, custo de vida crescente, a exclusão dos mais pobres, a vulnerabilidade das classes médias, expandindo a lista de vítimas no mundo. Não é apenas um acidente no percurso, ou apenas de abusos cometidos por alguns atores econômicos que precisam ser punidos. Somos confrontados com uma lógica que corre ao longo da história econômica do século passado. O desenrolar dos acontecimentos sempre responde à pressão das taxas de lucro. A crise que vivemos hoje não é nova. Não é a primeira crise do sistema financeiro e muitos dizem que não será a última.
A seu ver, qual é a principal causa dessa crise mundial?
A causa fundamental da crise financeira é a lógica do próprio capitalismo, que torna o capital motor da economia. E seu desenvolvimento – essencialmente, a acumulação – leva à maximização do lucro. Se a financeirização da economia favorece a taxa de lucro e se a especulação acelerou o fenômeno, a organização da economia como um todo continua dessa forma. Mas um mercado não regulamentado capitalista conduz inevitavelmente à crise. E, como indicado no relatório da Comissão das Nações Unidas, é uma crise macroeconômica.
Um dos graves problemas da humanidade hoje é a fome. Como fica essa questão frente a esse cenário de crise?
A crise alimentar tem dois aspectos, um cíclico e um estrutural. O primeiro manifestou-se com o aumento dos preços dos alimentos em 2007 e 2008. Sim, para explicar o fenômeno, houve alguma base eficiente, como alguma diminuição fraca em reservas de alimentos, mas a principal razão foi de natureza especulativa, em que a produção de agrocombustíveis não ficou imune (etanol de milho nos Estados Unidos). Assim, o preço do trigo na Chicago Board (Bolsa de Chicago) aumentou para 100%, do milho 98% e do etanol, 80%. Durante esses anos, uma parte do capital especulativo passou de outros setores para investir na produção de alimentos, na busca por lucros rápidos e significativos. Consequentemente, segundo o diretor da FAO, em geral, a cada ano, em 2008 e 2009, mais de 50 milhões de pessoas ficaram abaixo da linha da pobreza e o total de pessoas que viviam nessa situação em 2008 atingiu um valor nunca antes conhecido – de mais de um bilhão de pessoas. Essa situação foi claramente o resultado da lógica do lucro, a lei capitalista do valor.
O segundo aspecto é estrutural. É a expansão durante os últimos anos da monocultura, resultando na concentração da terra, ou seja, uma verdadeira contrarreforma. A agricultura familiar foi destruída em todo o mundo sob o pretexto de sua baixa produtividade. Na verdade, as monoculturas têm uma produção que às vezes pode ir até 500% ou mais de 1000%. No entanto, dois fatores devem ser levados em conta. A primeira é a destruição ecológica dessa forma de produzir. Florestas são removidas, solo e água contaminados pelo uso maciço de produtos químicos. Agricultores são forçados a deixar suas terras e há milhões que têm de migrar para as favelas das cidades, aumentando a crise urbana, e aumentando a pressão da migração interna, como no Brasil, ou externa, como em muitos outros países.
Então a fome no mundo não tem nada a ver com a produção de alimentos, com a capacidade de produzir?
Não. Não tem nada a ver com a produção. A questão é somente especulativa. É a Bolsa de Chicago que fixa os preços internacionais dos grãos.
E como o senhor vê as afirmações de alguns estudiosos de que o planeta, com uma população na casa dos 7 bilhões de pessoas, se torna incapaz de produzir alimentos para nutrir tanta gente?
Isso é totalmente falso. Segundo a FAO, teoricamente a Terra pode facilmente nutrir 10 ou 12 bilhões de habitantes.
E a questão energética, também faz parte desse cenário de crise?
A crise de energia vai além da explosão conjuntural dos preços do petróleo e faz parte do esgotamento dos recursos naturais explorados pelo modelo de desenvolvimento capitalista. Uma coisa é clara: a humanidade vai ter que mudar a fonte de sua energia nos próximos 50 anos. Os picos de petróleo, urânio e gás podem ser discutidos em termos de anos precisos, mas ainda assim sabemos que esses recursos não são inesgotáveis e que as datas não estão longe. Com o esgotamento, inevitavelmente vem o aumento dos preços das commodities, com todas as consequências sociais e políticas. Além disso, o controle internacional de fontes de energia fósseis e outros materiais estratégicos é cada vez mais importante para as potências industriais, que não hesitam em usar a força militar para se apropriar deles. É no contexto de escassez de energia no futuro que se insere parte do problema dos agrocombustíveis. Diante da expansão da demanda e da redução esperada em recursos energéticos fósseis, há uma certa urgência de se encontrar soluções. Como novas fontes de energia exigem o desenvolvimento de tecnologias ainda não muito avançadas (como a solar ou à base de hidrogênio) e outras soluções são interessantes, mas economicamente marginais ou não rentáveis (mais uma vez, a solar e a eólica), a dos agrocombustíveis pareceu interessante.
Mas a produção dos agrocombustíveis traz também graves consequências.
A produção de agrocombustível é feita na forma de monocultura. Em muitos casos, isso envolve a remoção de grandes florestas. Na Malásia e na Indonésia, em menos de 20 anos 80% da floresta original foi destruída pelas plantações da palma e eucalipto. A biodiversidade é removida, com todas as consequências sobre a reprodução da vida. Para produzir é usado não só muita água, mas um monte de produtos químicos, como fertilizantes ou pesticidas. O resultado é uma poluição intensiva de água subterrânea, dos rios que desembocam no mar, e um perigo real de falta de água potável para as populações. Além disso, os pequenos agricultores são expulsos e muitas comunidades indígenas perdem suas terras ancestrais, causando uma série de conflitos sociais, até mesmo violentos. O desenvolvimento de agrocombustíveis corresponde à negligência das externalidades ambientais e sociais, típicas da lógica do capitalismo.
E como o senhor vê a questão climática nesse cenário atual?
A crise climática é bem conhecida e as informações estão se tornando mais precisas, graças a várias conferências da ONU sobre clima, biodiversidade, geleiras etc. Enquanto o atual modelo de desenvolvimento continuar emitindo gases de efeito-estufa (especialmente CO2), destruindo os sumidouros de carbono, ou seja, sítios naturais de absorção desses gases, especialmente florestas e os oceanos, a crise continuará. A pegada ecológica é de tal ordem que, de acordo com estimativas, em 2010, em meados de agosto, o planeta tinha esgotado a sua reprodução natural. Além disso, de acordo com o relatório do Dr. Nicholas Stern para o governo britânico, em 2006, se as tendências atuais continuarem na metade do século existirão entre 150 e 200 milhões de migrantes climáticos, e os mais recentes números são ainda mais elevados.
E como o senhor avalia as medidas adotadas pelas elites e governos para tentar superar essas crises? E quais são as soluções?
A primeira solução é a do sistema. Alguns, principalmente preocupados com a crise financeira, propuseram mudar e punir os responsáveis. Essa é a teoria do capitalismo (teoria neoclássica em economia), que vê elementos positivos na crise, porque eles permitem a liberação de elementos fracos ou corruptos para retomar o processo de acumulação em bases saudáveis. Atores são alterados, e não se muda o sistema. Evidentemente não é solução. A segunda visão é propor regulamentos. É reconhecido que o mercado regula a si mesmo e que os organismos nacionais e internacionais têm necessidade de executar essa tarefa. Os Estados e organizações internacionais devem ser envolvidos. O G8, por exemplo, propôs certos regulamentos do sistema econômico global, mas ligeiros e temporários. Em vez disso, a ONU apresentou uma série de regulamentações muito mais avançadas. Propôs a criação de um Conselho de Coordenação Econômica Global, em pé de igualdade com o Conselho de Segurança, e também um painel internacional de especialistas para acompanhar permanentemente a situação econômica global. Outras recomendações tratadas foram a abolição dos paraísos fiscais e do sigilo bancário e, também, maiores requisitos de reservas bancárias e um controle mais rígido das agências de notação de crédito. A profunda reforma das instituições de Bretton Woods foi incluída, bem como a possibilidade de se criar moedas regionais em vez de ter como referência única o dólar. Os regulamentos propostos pela Comissão Stiglitz para reconstruir o sistema financeiro e monetário, apesar de algumas referências a outros aspectos da crise, tais como clima, energia, alimentos – e apesar do uso da palavra sustentável para qualificar o crescimento – não têm a profundidade suficiente para fazer a pergunta: para que reparar o sistema econômico? Para desenvolver, como antes, um modelo que destrói a natureza e é socialmente desequilibrado? É provável que as propostas para reformar o sistema monetário e financeiro serão eficazes para superar a crise financeira, e muito mais do que o que foi feito até agora, mas é suficiente para responder a desafios globais contemporâneos? A solução é dentro do capitalismo, um sistema historicamente esgotado, mesmo que tenha ainda muitos meios de adaptação. A gravidade da crise é tal que devemos pensar em alternativas, não somente em regulações.
E, quais seriam, por exemplo, essas outras alternativas?
Questionar o próprio modelo de desenvolvimento. A multiplicidade de crises que foram exacerbadas nos últimos tempos é resultado da lógica de mesmo fundo: uma concepção de desenvolvimento que ignora as “externalidades” (danos naturais e sociais); a ideia de um planeta inesgotável; o foco no valor de troca em detrimento do valor de uso; e a identificação da economia com a taxa de acumulação de lucro e do capital que cria, consequentemente, enormes desigualdades econômicas e sociais. Esse modelo resultou em um crescimento espetacular da riqueza global, mas seu papel histórico se perdeu, devido à sua natureza destrutiva e da desigualdade social que resultou. A racionalidade econômica do capitalismo, escreve Wim Dierckxsens, não apenas tende a negar a vida da maioria da população mundial como também destrói a vida natural.
Temos que discutir alternativas ao modelo econômico capitalista prevalecente hoje e os meios para rever o próprio paradigma (orientação básica) da vida coletiva da humanidade sobre o planeta, conforme definido pela lógica do capitalismo, que hoje é global. A vida coletiva é composta por quatro elementos que chamamos de base, porque as exigências são parte da vida de toda sociedade, desde as mais antigas até as mais contemporâneas: a relação com a natureza; a produção da base material da vida física, cultural e espiritual; a organização social e política coletiva; e a leitura do real e autoenvolvimento dos atores na sua construção da cultura. Ou seja, cada sociedade tem essa tarefa para realizar.
Mas as alternativas necessariamente passam pelo envolvimento do conjunto da sociedade organizada, dos movimentos sociais.
Exatamente. As alternativas são tão importantes que não vão chegar por si só. É somente pela pressão dos movimentos sociais, movimentos políticos também, que podemos esperar chegar a redefinir os objetivos fundamentais da presença humana no planeta e o desenvolvimento humano no planeta. E isso significa transformar a relação com a natureza. Passar da exploração ao respeito. Significa outra definição da economia. Não somente produzir um valor agregado senão produzir as bases da vida. Da vida física, cultural, espiritual de todos os seres humanos no planeta. Isso é a economia. Porém, isso não corresponde à definição do capitalismo. Também é preciso generalizar a democracia a todas as instituições, não somente políticas e econômicas mas também na relações humanas, relações entre homens e mulheres etc. É necessário também não identificar desenvolvimento com civilização ocidental e dar a possibilidade a todas as culturas, religiões, filosofias de participar dessa construção. Isso é o que chamo de construir o bem comum da humanidade, que é a vida; assegurar a vida, a vida do planeta e a vida da humanidade. Isso é um projeto alternativo, que pode parecer utópico. Porém não é utópico porque existem milhares de organizações e movimentos sociais que já trabalham para transformar esses aspectos da vida comum da humanidade, para melhorar a relação com a natureza, para ter outro tipo de economia, para ter uma participação, uma democracia que seja participativa e para renovar a cultura. Existem muitas iniciativas. Isso posso chamar de construção do socialismo. Porque socialismo não é uma palavra. É um conteúdo. E eu penso que devemos redefinir o conteúdo do socialismo.
Como o senhor analisa a América Latina neste contexto da crise e qual é o papel dos movimentos sociais?
É muito interessante porque a América Latina é o único continente do mundo onde temos tido alguns avanços. Não ainda na opção de novo paradigma, nova orientação fundamental, porém, pelo menos avanços, que não existem em outros continentes até agora. Mas não é algo generalizado na América Latina. Há alguns países que só reproduzem o sistema, com sua dependência ao capital internacional, particularmente do norte do continente americano. São países como México, Colômbia, Chile, Panamá, Costa Rica, Honduras etc. São países onde a burguesia local está totalmente vinculada com o sistema internacional e, nesse sentido, não tem outro projeto senão um projeto muito repressivo contra as populações.
Subordinação total.
Exatamente. Há uma segunda realidade, que são os países que podemos chamar de “adaptações ao sistema”. E aí existem dois tipos de países. Há os que dizem: sim, o sistema necessita de mudanças fundamentais e devemos nos adaptar à lógica do capitalismo. E para se ter mais justiça social e repartir parte do lucro, como já dizia Marx, com o rápido avanço das forças produtivas, temos um aumento dos lucros e da destruição da natureza. Nesse tipo de desenvolvimento se inserem Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, que possuem programas sociais eficazes. Com resultados indubitáveis porque milhões de pessoas saíram da pobreza, o que não podemos desprezar, porém, esse modelo não transforma profundamente a sociedade; isso representa apenas uma redistribuição de parte do lucro. Não podemos dizer que é uma mudança de paradigma. Entretanto, há países como Venezuela, Equador e a Bolívia, que têm outro discurso, o do socialismo do século 21, que pelo menos faz uma alusão a uma transformação fundamental. Pelo menos no Equador e na Bolívia, entre o discurso e a prática eu vejo grande avanços, em que as práticas dos governos seguem uma orientação das demandas sociais apresentadas pelos movimentos sociais.
Então, neste contexto de crise, os países que estão mais vulneráveis sofrem mais as consequências?
Não estou seguro. Teoricamente pode-se dizer que sim, esses países serão mais afetados em médio prazo. Porém, no momento é igual em todas as partes. Mas, evidentemente, os países mais vinculados ao sistema serão mais afetados em médio prazo. Entretanto, desgraçadamente, países como Venezuela e Bolívia também são indiretamente dependentes do sistema global e sofrerão as consequências. O que eu acho que é cedo demais pra se dizer, com diz Samir Amin, que eles conseguiram fazer uma desconexão. Não, não conseguiram. Mas é óbvio que as economias mais vinculadas à economia do Norte sofrerão as consequências a curto prazo.
No caso da América Latina, uma maior integração dos países seria uma alternativa frente a esse cenário mundial? O papel do Estado é fundamental neste contexto?
Absolutamente. Mas, para encerrar a tipologia, eu penso que a Venezuela é um país que avança para um novo modelo, onde as mudanças são mais aprofundadas. O papel do Estado não pode ser concebido sem levar em conta a situação dos grupos mais marginalizados socialmente, os sem-terra, as castas mais baixas ignoradas por milênios, os povos indígenas da América e os excluídos de ascendência africana; e, nesses grupos, as mulheres são muitas vezes duplamente marginalizadas. A expansão da democracia também se aplica para o diálogo entre os movimentos políticos e sociais. A organização de instâncias de consulta e diálogo pertence ao mesmo conceito, respeitando a autonomia mútua. O projeto de um conselho de movimentos sociais na arquitetura geral da Alba é uma tentativa original nessa direção. O conceito de sociedade civil muitas vezes utilizados para esse fim ainda é ambíguo, porque ela é também o lugar da luta de classes: há realmente uma sociedade civil de baixo e de cima e o uso do termo de forma não qualificada permite muitas vezes a criação de uma confusão e a apresentação de soluções que ignoram as diferenças sociais. Por outro lado, as formas de democracia participativa, como os encontrados em vários países latino-americanos, também entram na mesma lógica da democracia em geral. Todas as novas instituições regionais latino-americanas, como o Banco do Sul, a moeda regional (o sucre) e a Alba, serão objeto de atenção especial na direção de propagação da democracia. E o mesmo vale para os outros continentes.
François Houtart é sociólogo e professor da Universidade Católica de Louvain (Bélgica). É diretor do Centro Tricontinental, entidade que desenvolve trabalho na Ásia, África e América Latina
Obs. Essa entrevista é bastante abrangente e serve como referência geral para o debate conjuntural. Em relação a questão educacional,por existir várias leituras, deixamos em aberto para que haja o livre debate dos professores no Estado
CONTRIBUIÇÃO AO DEBATE
PROPOSTA CURRICULAR DE FILOSOFIA – SECENP – 1992
(Prof. Francisco Paulo Greter)
Apresentamos abaixo uma breve síntese da 2ª versão preliminar da Proposta Curricular apresentada à rede pela SECENP no ano de 1992. Lembramos que a mesma foi fruto de inúmeros encontros realizados com os professores da rede pública, organizados pela Equipe Técnica de Filosofia de então (Francisco P. Greter, Ivete Magnani e Márcio Palharini), com a assessoria das universidades, entre eles, os professores-doutores Antônio Joaquim Severino, Celso F. Favaretto e Franklin L. e Silva.
Infelizmente, as mudanças na política educacional impostas pelo governo Mário Covas, tendo à frente a Secretaria da Educação, Rose Neubauer, levaram à interrupção drástica dos trabalhos desenvolvidos com a rede por todas as equipes técnicas da CENP e a dissolução das mesmas, o que representou uma perda histórica das discussões acumuladas desde o governo Franco Montoro, na década de 80. No caso da Filosofia, todo o avanço teórico-metodológico conseguido ficou praticamente perdido ou esfacelado, já que as reformas equivocadas da gestão Rose Neubauer desconsideraram toda contribuição anterior, levando a educação no Estado de São Paulo aos descaminhos e prejuízos que ainda hoje se fazem sentir na formação de nossos jovens e na vida profissional dos professores da rede pública estadual de ensino.
O pior de tudo é que muitos entendidos, que a grande mídia repercute, querem passar para a população que o maior culpado da péssima qualidade do ensino é o próprio professor, o que discordamos veementemente!
Mas vejamos, em suma, o que apresentava a Proposta de 1992:
1. Os fundamentos do ensino de Filosofia na educação escolar
A inclusão da filosofia no currículo do Ensino Médio se justifica em função do próprio significado mais amplo da educação, entendida como processo social que envolve o todo da vida cultural da sociedade. Espera-se que a educação contribua para a integração dos educandos nos três universos que tecem a existência humana, a saber:
- O universo do trabalho, âmbito da atividade produtiva, pela qual os homens atuam sobre a natureza a fim de assegurar e sustentar sua existência material;
- O universo das relações sociais, âmbito das atividades ligadas à vida política e ao exercício da cidadania;
- O universo da cultura simbólica, âmbito das atividades subjetivas e de suas expressões objetivas, pelas quais os homens representam e avaliam todas as dimensões de sua existência.
Todavia, ao contribuir para essa integração, a educação deve fazê-lo no sentido de combater os processos alienantes, opressões e expropriadores da condição pessoal e coletiva da existência humana. (...) Para isso, além dos conteúdos científicos e técnicos, o currículo deve garantir conteúdos que explicitem as relações de inserção dos educandos na vida social, política e cultural, a fim de que os jovens tenham uma percepção clara e crítica das referências existenciais que dizem respeito à compreensão de sua relação consigo mesmos (subjetividade), com os outros (intersubjetividade) e com a própria humanidade como um todo.
2. A questão curricular no Ensino Médio e a Filosofia
A formação dos jovens em nível médio é mediada por um conjunto de disciplinas que devem integrar-se num trabalho inter e multidisciplinar, já que a formação é uma atividade uma, integrada, ainda que cada disciplina tenha seu campo de atuação e finalidades específicas. O trabalho interdisciplinar não tem nada a ver com uma “salada de frutas” ou uma “colcha de retalhos” de conteúdos multidisciplinares!
De fato todos os componentes curriculares contribuem para que a educação atinja seus objetivos:
a) Disciplinas de conteúdos técnico-científicos relacionadas diretamente com o conhecimento objetivo da realidade e com a preparação para mundo do trabalho. Elas estão associadas ao desenvolvimento do raciocínio na prática do aprendizado das “ciências exatas” e naturais (Matemática, Física, Química, Biologia...);
b) Disciplinas do núcleo sócio-histórico direcionadas para a compreensão/atuação no universo das relações sociais das sociedades historicamente determinadas, relacionadas à esfera ético-política e ao núcleo humanístico (História, Geografia, Sociologia, Psicologia...);
c) Disciplinas do âmbito psico-antropológico (literárias, artísticas e filosóficas), direcionadas à compreensão da cultura simbólica e da identidade humana.
3. A tarefa e a especificidade da Filosofia
No caso da Filosofia, além de sua especificidade, a mesma implica num esforço explícito com relação à integração do currículo e da formação, tendo como tarefa fomentar a interdisciplinaridade, não apenas no plano epistemológico (conhecimento), mas naquele da prática pedagógica dos educadores, operando em três planos de reflexão, relativos:
1º) ao processo de conhecimento: área da reflexão epistemológica (conhecimento);
2º) ao agir humano: área da reflexão axiológica (valores éticos, políticos, etc.);
3º) às próprias condições de existência dos seres humanos: área da reflexão antropológica.
O que diferencia a Filosofia das demais formas de conhecimento não são propriamente os objetos, os fenômenos, a realidade abordada. O que a diferencia são as posturas, o enfoque e a metodologia de reflexão, o seu estilo reflexivo. O conteúdo em Filosofia não é outra coisa senão a transmissão/aquisição da maneira como o conhecimento é gerado, seja ele qual for: aquilo que se põe como conteúdo a ser estudado é o resultado do trabalho do pensamento e como tal deve ser entendido. Não há, pois, reflexão crítica ou filosófica no vazio, como se fosse uma técnica, uma “ginástica mental”, um “raciocínio lógico” indefinido, uma “arte de pensar”, uma “competência” mágica que penetra a essência da realidade. Isso é mito!
Assume-se que, através da Filosofia, o estudante vá adquirindo uma postura de reflexão crítica na perspectiva metodológica de rigor, radicalidade e totalidade (SAVIANI). Tal o levará a apropriar-se de uma linguagem de segurança (referencial teórico), procedendo de forma sistemática com métodos determinados (rigor), buscando as raízes das questões até os seus fundamentos (radicalidade) e examinando as diversas dimensões do problema num todo articulado (totalidade).
A partir dessas considerações, cumpre estabelecer os seguintes princípios norteadores para o trabalho com Filosofia com os jovens do Ensino Médio, a saber:
1. O exercício da reflexão crítica, a partir de temas e problemas, privilegiando o tratamento dos mesmos numa perspectiva metódica, sistemática, num todo articulado e dinâmico;
2. O exercício da reflexão crítica sobre a experiência (realidade objetiva/subjetiva), em que a própria reflexão se torna, ela mesma, uma experiência para além do senso comum;
3. O ensino da Filosofia, a partir de temas e problemas vivenciados pelos jovens e do recorte feito pelo professor, deve ter como referencial obrigatório a História da Filosofia e a tradição filosófica, fazendo-se o resgate histórico-teórico da problemática abordada, cuja “solução” nunca termina numa equação ou numa lei, como é o caso das ciências;
4. O conhecimento, nesta proposta, é concebido como um processo em construção e nunca deve ser tratado, do ponto de vista de professores e alunos, como algo acabado, definitivo, como uma doutrina fechada, constituída de certezas e verdades indiscutíveis (dogmatismo), o que não significa cair no ceticismo simplista, no relativismo ou no “critiquismo” (J. B. Libâneo);
5. Parte-se do tratamento temático e problematizador das questões, tendo em vista garantir ao professor autonomia na organização e desdobramento das mesmas, de acordo com sua formação, o interesse e o contexto de todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem;
6. Para tanto, cabe ao professor fazer uma seleção estratégica dos conteúdos a serem trabalhados (“recorte”) com os jovens, tendo como referencial obrigatório a tradição filosófica e as áreas da Filosofia.
Para terminar esta breve e inacabada exposição, que se baseou na Proposta Curricular de 1992 (SECENP), fiquemos com o alerta do Prof. Dr. Celso F. Favareto:
“Seja qual for o programa escolhido, não se pode esquecer que a leitura filosófica manifesta o essencial da atividade filosófica. Mas é preciso frisar que uma leitura não é filosófica só pelo fato de os textos serem de filósofos, pois discutir um assunto filosoficamente implica em ser interrogado, tocado por ele, para que a filosofia não seja reduzida a cadáver” (p. 48). Eis o específico do filosofar.
Sobre a proposta da SEE em 2005 via UNICAMP.
Contribuição dos Professores de Filosofia Andréia Fagundes e Marcos R. Muniz de Penápolis.
O presente texto objetiva motivar uma discussão sobre a proposta e metodologia do ensino de filosofia; para tanto apresentamos uma síntese de uma das propostas realizadas pela SEE em 2005 e elaborado por uma equipe da UNICAMP.
Nossa descrição se voltará para duas das principais características da proposta que são: a atividade filosófica moral a segunda está relacionada com o fazer filosófico no ensino médio.
A filosofia vai muito além do que expressa a sua etimologia (Filo/Sofia), pois, ela se apresenta com várias perspectivas, mas essas diferentes visões podem ser sistematizadas pela noção de racionalidade e, esta como um instrumento para conhecimento. A diversidade é própria da filosofia e esse não absolutismo torna a filosofia um exercício de questionamento, mas não um perguntar puro e simples, pois ele sistematiza , problematiza e busca explicações ao próprio pensamento.
Desta forma o conhecimento filosófico não é uma “benção” que recebemos, mas algo que construímos. E para iniciar essa construção precisamos de alguns propulsores, a saber: admiração, dúvida e a insatisfação moral.
Admiração: esta ligada com o espanto/ perplexidade que se dá quando estamos diante do inesperado; ela nos permite descobrir nossa ignorância e tentarmos supera - lá. Essa superação é o aspecto positivo da admiração, pois ele é ativo, no entanto há o perigo desse espanto recair no medo e passividade que nada tem a ver com a atividade filosófica
Dúvida: esse é o ponto de partida para uma profunda investigação; ela permite encontrar as fragilidades das argumentações permitindo refutações, onde, do ponto de vista da filosofia tudo é questionável caracterizado assim a filosofia com o não dogmática.
Insatisfação moral: ela nos encaminha para a questão em outras bases através de uma contraposição crítica e problematizada da realidade, mas essa insatisfação só é realmente filosófica quando se distância de posturas simplistas e dogmáticas. Tal comportamento está diretamente ligado com a percepção do homem no mundo e sobre o mundo.
Vale observar que essas atividades, não tornarão, necessariamente, nossos alunos em filósofos, mas certamente os aproximará de um universo questionador e crítico da filosofia, além do que todos são capazes de apresentar essas atitudes que permitem o filosofar; o que nos leva a afirmar que a filosofia pode ser para todos.
Mas na prática, como sistematizar essas atitudes? Esse é o segundo passo proposto. O que num certo sentido responde as perguntas: É possível ensinar filosofia? Como ensinar filosofia?
A filosofia reflete inicialmente sobre temas da realidade e desta forma qualquer texto pode ser usado; contudo o texto filosófico é fundamental. É ele que dará o tom para que a aula não se torne apenas uma sala de bate papo de temas emergentes.
É próprio da filosofia o levantamento de problemas e todo texto filosófico trás uma questão a ser resolvida a partir de certa metodologia. Por isso um planejamento com objetivos claros permite uma boa seleção de textos e conteúdos.
“Não existe aula de filosofia sem leitura de texto” e o objetivo do professor deve ser o de formar um bom aluno-leitor, capaz de identificar as idéias e o problema; tudo isso partindo do resgate do texto a partir do que ele diz. Só depois de se debruçar sobre o texto é que é possível questionar, relacionar e criticar.
A maiêutica deve fazer parte desse trabalho, pois ela permite a desconstrução de visões comum do mundo e propõe uma reformulação de conceitos. Com esse exercício reflexivo do texto e do mundo; o trabalho desemboca na possibilidade de reescrita das discussões pelos alunos. Mas a aqui escrita, deve ser preferencialmente a dissertação, mas para tanto deve haver uma preparação e fichamentos, pode estruturar bem um texto argumentativo.
Essa proposta busca colocar a filosofia como um componente curricular com contribuição para o desenvolvimento da capacidade de analisar e reflexão sobre o mundo, desta forma quatro pontos devem nortear nosso trabalho.
1-compreender é sempre mais importante que memorizar
2- questione e interprete.
3- aprofundar e aperfeiçoar o exercício analítico.
4- o texto é sempre uma construção.
Diante deste breve levantamento dos principais aspectos da proposta sugerida pela SEE em 2005 esperamos que ela possa fomentar um debate comparativo em relação a outras propostas e principalmente com a atual.
Síntese da Proposta Curricular do Estado de São Paulo para a disciplina de Filosofia.
Ensino Médio
Para o Senso Comum, filosofar significa:
Estar ausente no mundo real, como numa permanente flutuação acima das nuvens, em devaneios, sem os pés no chão, flutuando sobre os mortais, com pensamentos alheios as demais manifestações culturais, numa espécie de trava-língua do pensamento. Essa imagem do filósofo foi criada com a ajuda dos próprios filósofos e professores de filosofia.
A presença do professor no universo escolar:
Uma vez que a filosofia no ensino médio foi restabelecido de forma legal, indaga-se sobre sua presença no universo Escolar: Qual é o papel ou papéis que ele pode e deve desempenhar? Qual a função do ensino de filosofia nos atuais formatos curriculares, assentados especialmente no desenvolvimento de competências e habilidades?
O retorno da Filosofia no ensino médio deve ser entendido como:
Reconhecimento da importância dessa disciplina nos programas escolares, situando a filosofia a um nível político-existencial, visando superar a transmissão e aquisições de conteúdos de forma mecânica e inconsciente.
Temas importantes devem ir às ruas:
Debates importantes sobre a ética têm sido tratados apenas em seminários especializados e escondidos nas universidades. Os temas Devem ir as ruas, através dos meios de comunicação, influenciar a opinião pública, sem, contudo, transferi à mídia a responsabilidade pelo estabelecimento dos valores éticos para a formação de crianças e dos adolescentes.
Função da escola:
Formar cidadãos capazes de interferir no contexto social, levando-se em conta as influências que o aluno armazena dos ambientes sociais que frequenta, em especial a família. O Professor de filosofia assim como os demais, deve participar ativamente do processo de percepção e formação desses valores; sem abdicar das funções da docência.
Produção de Conhecimento:
O professor de filosofia deve intermediar o debate interdisciplinar com as demais disciplinas de Sociologia, História, Geografia e Biologia sobre temas como a violência urbana, racismo, desmatamento ou engenharia genética, num saudável intercâmbio de ideias, com benefícios aos alunos e professores.
Questionamentos sobre o Ensino da Filosofia:
-Como ensinar e formar Professores para o ensino de filosofia no ensino médio?
- A formação superior está adequada para o ensino médio?
-Qual a qualidade do material didático disponível?
-Como despertar o interesse dos alunos e como incentivá-lo a pensar filosoficamente?
Preocupações sobre o Ensino da Filosofia:
-Não constituem privilégio apenas da filosofia, podendo ser relacionadas às demais disciplinas do Ensino no Brasil;
- considerar que o educando terá uma boa formação apenas por conseguir compreender as estruturas do pensamento de um filósofo, é um equivoco.
- Isso posto, é exercício inútil não contextualizar os textos filosóficos.
Manifestações do pensamento
Precisa ser analisadas em sua historicidade;
Posta em relação com outras disciplinas;
Principais funções da filosofia:
Uma ferramenta conceitual, produtora de síntese- capaz de elevar o debate interdisciplinar, elevando os padrões do Ensino médio.
Trajetória da filosofia na História da Educação brasileira:
Há cerca de 80 anos, o conteúdo de filosofia estava maltratado, ora pelo discurso teológico, ora pela verborragia intraduzível que saia dos moinhos de palavras de alguns especialistas.
Mais pareciam raciocínios emanados de seres supremos, decifrados graças à mecânica das palavras.
A importância da filosofia nas últimas décadas:
Final da Década de 60 e início da seguinte, com os cursos de Pós graduação, a filosofia:
Consolidou-se em ambientes universitários;
Aumentou a visibilidade, contribuindo para a superação do regime autoritário;
As vozes dos filósofos foram ouvidas e entendidas, “deixando a caverna para ganhar o espaço da cidade”.
História da filosofia segundo a Proposta Curricular:
Sem depreciação a História da Filosofia,
Ela não deve constituir a principal orientação para o ensino da filosofia na escola pública.
O objeto principal da Filosofia segundo a Proposta Curricular:
É com o olhar voltado para o mundo que se aprende a pensar filosoficamente.
Exemplo: Recolhendo material nas ruas que o aluno percorre para chegar à Escola, bem como entrevistas de jornalistas, sobre a realidade do tráfico e da prostituição, que deverá ser sintetizada pelo professor de filosofia.
Cabe ao professor de filosofia:
Valer-se da sua formação para orientar o debate em sala de aula, fundamentando e agregando elementos da sua erudição.
Quanto à formação oferecida pelas universidades:
O ensino da filosofia tem pouco espaço no universo acadêmico;
A formação oferecida nos cursos superiores, públicos e privados, em geral, visam à especialização rigorosa, pouco ou nada voltada para o ensino.
Cabe ao decente:
Compromisso com a pesquisa constante.
Procurar seus próprios caminhos;
Aplicar a seu modo as sugestões contidas nestes materiais.
Em destaque a prática da leitura:
Independentemente do percurso adotado, os resultados dependerão, sempre da prática cotidiana da leitura.
Sobre a leitura dos alunos:
Desanimado o docente constata que “os alunos não lêem”.
O que tem feito os professores para incentivar os estudantes a lerem?
Como anda o hábito de leitura dos professores?
Cabe uma avaliação do docente:
Avaliar sempre o significado que os hábitos de leitura tiveram e devem continuar tendo – em sua formação, uma vez que é o principal recurso para transformar em cultura qualquer proposta curricular.
Proposta Curricular do Estado de São Paulo para filosofia: Ensino Médio
1º Série
1º Bimestre:
*Por que Estudar Filosofia? *Áreas da Filosofia
2º Bimestre:
*filosofia e outras formas de conhecimento: mito, senso comum, ideologia, religião, arte, ciência.
3º Bimestre:
*Introdução à política
*Teorias do estado - Socialismo, Anarquismo, liberalismo, totalitarismos.
4º Bimestre:
*Democracia e cidadania: origens, conceitos e dilemas *Ideologia.
2º série
1º Bimestre:
*Introdução a ética; *Autonomia e liberdade.
2º Bimestre:
*Formas contemporâneas de alienação moral: individualismo e condutas massificadas.
3º Bimestre:
*Relações entre moral e política; *Limites entre o público e o privado.
4º Bimestre:
*Desafios éticos contemporâneos: a ciência e a condição humana.
*Introdução à Bioética.
Síntese elaborada pelo professor Aldo Santos.
Exposição preparatória para o concurso de filosofia do Estado de São Paulo em 2010.
observação:
OS DEMAIS DOCUMENTOS (CERTIFICADO / ATA / LISTA DE PRESENÇA / E OUTROS) SERÃO ENCAMINHADOS APÓS SOLICITAÇÃO IDENTIFICADA (NOME COMPLETO / CIDADE-REGIÃO / TELEFONE / ENDEREÇO COMPLETO DO LOCAL DA REUNIÃO E HORÁRIO) ATRAVÉS DO EMAIL: organizativoaproffesp@gmail.com.