domingo, 29 de abril de 2018

PLENÁRIAS REGIONAIS E ESTADUAL DA APROFFESP – 14/03/2018

TEXTO 2 :A contribuição das mulheres no contexto das reformas

    Embasamos nossa contribuição para a análise do lugar da mulher professora na atual conjuntura educacional na nossa pratica no exercício da docência e no brilhante trabalho da professora Jane Soares de Almeida que, entre outros pontos nevrálgicos, nos alerta para a importância de considerar as questões de gênero; afirma ela: “Aceitando-se que as análises sobre a educação não podem mais prescindir da categoria gênero, é possível que se descortinem novos paradigmas que levem à compreensão da intrínseca relação entre mulher e educação e, assim, novas hipóteses podem ser construídas. ”

    No Livro "Mulher e educação: a paixão pelo possível" - 1998, a autora relata com propriedade o percurso profissional feminino no campo da educação no Estado de São Paulo, desde fins do século XIX. Saindo do lar onde se esperava que fossem esposas devotadas e mães extremosas, as mulheres ousaram estudar e ingressar no campo profissional como professoras do antigo “primário” (ensino fundamental I). Ainda que a atividade docente da mulher fosse vista como uma continuação de suas lides maternas e, por isso, mesmo aceita pela sociedade da época, o magistério primário constituiu uma das grandes oportunidades de inserção da mulher de classe média no mercado de trabalho, assim como a enfermagem (Araújo, 1998). As mulheres trilharam um longo caminho do Magistério primário à formação universitária e especialização em várias áreas, o que possibilitou uma nova configuração no mercado de trabalho. No campo da filosofia nós mulheres ainda somos minoria nos espaços universitários como aponta a pesquisa da professora Carolina Araújo (http://anpof.org/portal/images/Documentos/ARAUJOCarolina_Artigo_2016.pdf). Todavia, temos hoje expoentes femininas importantes no cenário filosófico e acadêmico nacional, como as professoras doutoras Marilena Chauí, Olgária Matos, Márcia Tiburi, apenas para citar algumas.

    Acreditamos ser tarefa da APROFFESP potencializar as contribuições das professoras e filósofas, rompendo com o silêncio histórico, para que o brado aprisionado na garganta de muitas de nós possa ecoar e assim possamos escrever uma nova história da Filosofia com voz feminina. Essa compreensão nos possibilita lançar um olhar crítico sobre a conjuntura extremamente adversa (ver Texto 1 sobre a conjuntura) ao conjunto da classe trabalhadora, da qual nós professor@s fazemos parte, no sentindo de entender o processo histórico de desvalorização dos/as profissionais da educação, ataque este intensificado de forma brutal pelo governo golpista de Temer e seus apoiadores que legislam contra os direitos conquistados pelos trabalhadores e trabalhadoras à custa de muita luta no decorrer da história.

    Nas escolas públicas do Estado de São Paulo as condições de trabalho são insalubres, precárias, e não bastasse isso agora nos vemos ameaçadas de forma aviltante com a reforma da previdência e com o avanço de ideologias reacionárias, machistas e misóginas, como a PEC 181/2015 – denominada “cavalo de Troia”, que impossibilitaria a interrupção da gravidez, abrindo brechas para a criminalização do aborto; assim sendo, precisamos ficar alertas e redobrar nossos esforços no sentindo de ampliar o diálogo para o qual a produção filosófica feminina e nossa ação concreta é de fundamental importância.
Para finalizar, no que tange ao campo da educação, lembramos à todas as professoras e educadoras em geral que não somos minoria, ao contrário, somos uma grande maioria que pode fazer a grande diferença na luta pela manutenção e conquista de novos direitos para as mulheres e a classe trabalhadora em geral. A nossa participação ativa nas revoluções francesa e russa foi fundamental para as vitórias então obtidas. Vamos à luta!

    Por fim, salientamos a importância da mesa: A Mulher Professora na Atual Conjuntura
que aprofundara o debate na nossa Plenária Estadual.

Lúcia Peixoto: Professora de Filosofia no Estado de São Paulo, 
Diretora sindical da Aproffesp Estadual, 
Bacharel em Ciências da Religião, Licenciada em filosofia, pós-graduada
em docência da filosofia, cursando Licenciatura em Pedagogia e História.

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